sexta-feira, junho 13, 2008
Uma voz na pedra
Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.
Poema de António Ramos Rosa
(imagem Getty Images)
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6 comentários:
Sempre fantásticas e inebriantes as palavras de mestre Eugénio!! Óptima escolha. Muitos beijos para ti.
Uma boa escolha, Amita...
Amar é isso mesmo....
Beijos e abraços
Marta
é impossível passar e ficar indiferente ao poema de Ramos Rosa e à magnifica imagem
uma conjugação perfeita
a escolha não podia ser melhor
obrigada pela partilha
um abraço
lena
gostei muito, amita. um poema e uma ilustração muito bonitos :)
um grande beijinho*
desatar
nós
desenhar
sentidos
in
definidos
in
decifráveis
Há muito, amiga, que não visitava esta tua casa. E que surpresas (boas, claro!!!) me deste... música suave e poesia quanto baste!
Um abraço,
José Gomes
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