
pintura de Cecília Ferreira
Caminha-se na paralisia do tempo
em fragmentos dissipados
e cria-se a oclusão selectiva dos passos
na temperatura metódica da posse
que a luz indirecta tem e que abre
sobre a mesa do pão-nosso de cada dia
em trapos de mármore
No tumulto da hora de ponta
evanesce-se o sorriso
em deambulações automáticas
na superfície vertical dos hiatos
que, das tempestades invisíveis, são tributários
quais vidas em saldo
perante a irracionalidade do mundo
de que tu e eu fazemos parte
Assim desliza o tempo e a vontade.
E aqui, do meu canto,
embalo as frases sofridas
chegadas nas auréolas da chuva
pela Natureza derramadas
na eterna esperança
que Luz se faça
(Breve nota: Ausente por obras em casa
com carinho vos abraço.)
Poema in "Transparência de Ser"