sexta-feira, outubro 21, 2005
Tapete de Folhas
Sabes, ontem estive a rever memórias ou lembranças,
como as queiras chamar. Com espanto descobri que tudo
se vai guardando, desde pregos e parafusos até intensos
abraços de mar.
Fui levantando véus a paralelas, assimetrias simétricas,
aos doces cantos da alma. Vi passar flocos de estrelas,
pontes suspensas, verdades e inverdades camufladas
em letras.
Muita ternura deslizou entre as margens de orvalhos, nos
trilhos de barcos enfrentando tempestades, nas pradarias
verdejantes de luares.
Tanto, mas tanto foi destapado na melodia das vozes correndo
em colorações e brilhos, sempre presentes na serenidade
do sorriso.
Sabes, ontem, a poesia adormeceu o Outono
sobre um tapete de folhas doces…
Há uma estrada coberta de Outono
Um tapete de folhas esbatido
Recosto intemporal do poeta
Que segue a voz do silêncio
Serena... serenamente
Desfolhando sorrisos
domingo, outubro 16, 2005
Vagas de Zinco
Por vezes há vagas tempestuosas,
Revoltadas que nos entram
Pelas janelas duplicadas,
Muradas, em espuma
De zinco ardente
Surgem do nada, na corrente
Gelada, em misturas de vento.
Sempre me transtornaram as águas
Que sobem imagens sombrias
Personificadas de brisa
E me cravam silêncios
Partindo muros
Correntes
Nessas vezes aguardo serena
O renascer da clarividência
Das vagas que em espuma
De zinco quente
Transformaram noites e dias
Até que em brilho unam
Almas e mentes
sexta-feira, outubro 14, 2005
Mais...que mais.....
Não vens quando te espero
Tão pouco a sombra de ti
Me desce um desgosto infindo
Sobre os mares de carinho
Que previa e que não vi
(Mais p’ra ti que mais p’ra mim)
Sussurras ao meu ouvido
Como te adoro querida
Eu fico lerda, sem jeito
Me estremece no peito
O que devia e não fiz
(Mais p’ra mim que mais p’ra ti)
Quando meus olhos afagas
E me deslizas em letras
Nos sorrisos de ternura
Jorram palavras nuas
Qual cascata leve, amena
(Mais p’ra mim que mais p’ra ti)
Se de força eu te cubro
Na hora difícil do dia
Te enrolas nos meus braços
Seguras as pontas dos laços
Abrigo, porto seguro
No tempo do quem diria
(Mais p’ra ti que mais p’ra mim)
E neste empate técnico
Que o acaso teceu
A vida passa sem árbitro
E corre…corre…correu…
segunda-feira, outubro 10, 2005
Etéreo
Despi-me dentro peito
Neste sentir de mim
Vesti a mente a teu jeito
E as folhas de Outono caídas
Dançaram rubras na brisa
Qual beija-flor
Etéreo
Sem fim
sábado, outubro 08, 2005
As Gatas
Pelo fim-de-semana
se passeiam as gatas
no meu quintal
Vejo-as sair, felpudas,
académicas, lãzudas,
todas tão diferentes,
no alvorecer de cada dia
que o fulgor dos anos trinta
em corpo habita
e consente
Como entraram? Não sei!
Talvez garridas, floridas,
inconscientes,
na calada da noite
permitida,
com suas patas de veludo
e garras que sabem tudo
por quem mais sabe e vive
urgente
Poema in "Transparência de Ser"
quinta-feira, outubro 06, 2005
Pelo Silêncio da Noite
Partirei pela noite silenciosa
Arrastando os passos cansados
As vozes que me retardam
Nos ecos dos penhascos
De todas o tudo amarei
Na gota de chuva ou orvalho
No despertar de cada estação
Pujante, no abrigo da paragem
Das mãos que afagam o instante
De aragem da estrada
Da canção as amarras soltarei
Para que cada deus renasça
Entre a relva verde dos prados
E o azul em mim espelhado
Pelo silêncio da noite voltarei
Quando ouvir o canto da cigarra
Arrastando os passos cansados
As vozes que me retardam
Nos ecos dos penhascos
De todas o tudo amarei
Na gota de chuva ou orvalho
No despertar de cada estação
Pujante, no abrigo da paragem
Das mãos que afagam o instante
De aragem da estrada
Da canção as amarras soltarei
Para que cada deus renasça
Entre a relva verde dos prados
E o azul em mim espelhado
Pelo silêncio da noite voltarei
Quando ouvir o canto da cigarra
sábado, outubro 01, 2005
Afagos
I
A chuva brotou nos sulcos de um mar
Salgado… sereno
A princípio miudinha, orvalhada
Afagos na areia fina
Que o longe avistava…
A noite se abriu em rasgos
Luminosa
E clara
II
Te canto, no infinito te cantarei
Ó sol, ó vento, ó chuva
Que me afagas
No âmago do acaso
Na corrente da essência
Da paz encontrada
E que serenamente
Na cor doce do sorriso
Enlaço
Sabendo-te me saberei
Em cada renascer silente
De asas
III
Me percorres na demora
Do deus que em ti espelha
Luas sóis da memória
No fundo do teu silêncio
Ternos são os afagos
Do vento
Que em traços
De brisa
Me beija
A chuva brotou nos sulcos de um mar
Salgado… sereno
A princípio miudinha, orvalhada
Afagos na areia fina
Que o longe avistava…
A noite se abriu em rasgos
Luminosa
E clara
II
Te canto, no infinito te cantarei
Ó sol, ó vento, ó chuva
Que me afagas
No âmago do acaso
Na corrente da essência
Da paz encontrada
E que serenamente
Na cor doce do sorriso
Enlaço
Sabendo-te me saberei
Em cada renascer silente
De asas
III
Me percorres na demora
Do deus que em ti espelha
Luas sóis da memória
No fundo do teu silêncio
Ternos são os afagos
Do vento
Que em traços
De brisa
Me beija
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