domingo, maio 30, 2010

Cogitação
















No nicho que me abriga
Me protege e se agita
Pelas agruras do tempo
Caminho e voo ciente
Das misérias deste mundo

Entre ditos e desditos
Protegem-se conveniências
Louva-se a prepotência
De uns outros que despertam
Uma dolorosa sequência
De extensos dias obscuros
Inclementes, informes

Sendo um circo fechado
Protecção de ténue gente
Que pode mas nada sente
Pelos trilhos cruzados
Há sempre alguém que fala
Mais alto e que rasga
Dementes rajadas de vento

Por isso canto o laço, o amor
O terno abraço em riscos
Que a sede de nós reclama
E com afagos teço abrigos
Entre estas brumas, na rama


(imagem recebida por e-mail)

sábado, maio 01, 2010

Um dia pela Vida*

























Codificados são os números
símbolos, letras, espaços
que te entoam como laços
no fulgor do teu ser profundo

Segues o texto indecifrável
pelas mentes normalizadas
tentas outras sementes
de outrora, em ondas claras

E de repente
como animal em cavalgada
na árvore em doce rama
descobres da vida a essência
no que a palavra cala
pela subsistência da flor amena
que em estádio de silêncio
o amor preenche e vaza

Quisera ser a triangular forma da palavra
no subtil aroma da longa, incansável vaga
feita de fogo, terra, sal e água


(imagem recebida por e-mail)

* poema para o livro "45 Poemas pela Vida
corrente solidária". Núcleo da Maia. Liga Portuguesa
contra o Cancro. Edium Editores