
Hoje amanheci entre a incoerência do sonho e a realidade.
O eco dos meus passos passeiam sozinhos pela semi-desperta casa
onde janelas e portas abertas expandem letras em palavras
desunificadas.
Tacteio o telhado intacto pelas raízes e ninhos de longos cabelos
dos pássaros.
Talvez voe
Talvez paire
Talvez caminhe no deserto das areias que embalam
Ou me quede pelo silêncio ou pelo nada
Se de ninguém o eco dos passos são parte
No interregno do sonho (in)acabado
bordo em azul, ervas, folhas e braços
nas árvores que me passam, em dolência, cantares
ritmados
rimados
na suave sonoridade da harpa
no timbre certo que dedos alcançam
Por vezes amanhecemos no eco dos passos…
Reajo
E sob as vozes de Mendelssohn no piano sofisticada e
de Rachmaninov no violoncelo o equilíbrio da sonata,
me banho no lago das águas límpidas e claras
Apaziguada
desfloro sorrisos em pétalas de rosas brancas
e na sequência do sonho
danço
o eco dos passos
(pintura de Renée Zempel Chan)