
Nos fios de um sol fulgente
Guardados em folhas de prata
Há um mar infindo, sereno
Sustido sob uma árvore
E no azul-cobalto estendem
Invisíveis lembranças de asas
No palco, o teatro negro desenrolava em cada mente
Sentidos diversos, como um conto inacabado.
Sob o artifício do sonho provocado
Deslizavam imagens em sucedâneo:
A transparência dos espelhos
Da luz da vela, os passos
A magia na pintura do palhaço
Aquela sombra humanizada
A cadência dos gestos repetidos
Que a vida em fluxos espaça
E a menina suspensa, qual Alice,
Rodopiava pelo espanto
Pelas lágrimas da saudade
Pela interrogação da dança
Pelo sopro dos afagos
Entre sorrisos doces e claros
Na rama de uma árvore de prata
Sobre um mar azul-cobalto
Guardo memórias, encantos…
(imagem de Zhang Hongtu)