domingo, outubro 05, 2008

60 em sol e azul-mar























Breve, tão breve
Este vasculhar do corpo da palavra

Breve, tão leve
No casulo, o nefelibata se fez criança
Na fusão das flores, luar e da água
Pelo avassalador ostracismo das raízes em rosácea
Qual silhueta amena e cândida

Breve, tão ténue
O conselheiro exponente da morte, da loucura, do lodo
Tecia, degrau a degrau, um inferno de sombra
Com pena de chocolate
Com o erodido e variável método do sobressalto
Pela vulnerabilidade da obstrução
Em forma de tapeçaria sobre a caixa de cal e vida
Em contínuo movimento

Breve, tão breve
Pensa-se afastar o vapor envolvente
Da conversa em tempestade
Sobre o distanciamento amortecido num país sem farol
A inundar de orvalho em linha vertical

Mas o poeta, apoiado no cotovelo,
Desponta a manhã
Num intenso, imenso divagar
Fazendo emergir da viagem
Pelo céu das letras amenas
Um amor maior a comungar

Breve, tão leve
Renasce a palavra de sol e azul-mar
Num sorriso com licença para voar


(pintura de Chagall)

(minha participação do jogo daqui )

11 comentários:

Marta Vinhais disse...

Os sorrisos devem sempre voar....
Lindo como sempre...
Beijos e abraços
Marta

Peter disse...

Não sei porque a autora ainda não se decidiu pela publicação da sua poesia. Uma poesia séria, madura, que nos faz pensar, mas que nem por isso deixa de ser bela.
A música e a beleza da tela de Marc Chagall, completam-se.

Memória transparente disse...

Breve...


Beijinho.

Paula Raposo disse...

Está fabuloso o teu poema das 60 palavras!!! Muitos beijos.

Ana disse...

Lindoo!
Entende, eu tinha que colocar seu poema no meu blog, sao simplesmente perfeitos..
Obrigada por passar lá =)

bjss

Maria Clarinda disse...

E que bem empregaste as palvras neste poema maravilhoso. Jhs

Menina Marota disse...

O que seria se fossem 100 palavras?

Excelente este teu poema!

Um jogo de palavras (60) que nos mostra que as palavras existem todas, saber enquadrá-las na perfeição é... ARTE!

Um abraço carinhoso ;))

Poesia Portuguesa disse...

Espero que não te importes que tenha levado "emprestado" este poema. Algum inconveniente diz que será de imediato retirado.

Um abraço ;)

José Faria disse...

Olá! Com que então 60 palavras!'
Deixaste-me suspenso ao ler esta posia. Lia-a e declamava-a de boca fechada, só se me elevava a alma na sua voz muda e sentida.
E só quando terminei reparei que voei suavemente em horizontes e universos da vida real e imaginada, mas sentida e quase amada.
A tua poesia é sublime.
Gostaria de o colocar no Zémaiato com link dirigido a esta tua "casinha" de poesia maravilhosa.
Posso?
Beijos e abraços e obrigado pelos mundos que nos mostras com a tua poesia.
Obrigado

José Faria disse...

Afinal Amita, não te a posso "roubar". (Fizeste muito bem!)
Se concordares envia-ma por
E- mail.
Obrigado

LuzdeLua disse...

Breve, tão breve
Pensa-se afastar o vapor envolvente
Da conversa em tempestade

Delicioso poema
Passando, deixo um abraço com carinho