
Perante nós desliza o nomadismo dos dias
seguindo a caravana no deserto.
Bem ao longe, uma miragem assemelha-se perto
na sede de novas alegres.
As horas sobrepõem-se em pilhas de dunas
consoante bate o sol no templo das vidas
já não nossas mas da comunidade
que transporta, nas mãos do vento,
areias da moda.
Saúdam-se em palavras contabilizadas
pelo pião dos números equilibrados
no gume das lâminas.
É tudo tão efémero…
Tudo tão curto e vago…
quando o hoje voou despercebido
e o amanhã se prepara
em ritos de agora passados.
Assim nómadas nos tornamos
aquecendo o frio intenso
na exactidão acesa do vazio.
E continuamos
sublimando as palavras não ditas
enroscadas nas mantas macias
que abriremos
numa qualquer tarde de um qualquer dia
quando atingirmos, desmedidos,
o oásis perfumado dos sorrisos.
Poema in "Transparência de Ser"