sábado, setembro 16, 2006

No repouso das mãos...



(pintura de J.M.Teles da Silva)*









Tal como de ti as vozes numa imensidão de azul se espalham
Tal como de ti reluzem as pradarias pela aurora orvalhada
Tal como de ti as estrelas cantam sobre um mar silenciado
E o vento os seres do deserto movimenta com seu passo apressado

Assim me mantenho e sustento
As águas trazidas pelo vento
A dor que se me aperta no peito
Pelas crianças estropiadas
Num abandono displicente
E planeado

Tal como de ti pressinto a escuridão dos dias planos
Tal como de ti modero o arrasto de incautos passos
Tal como de ti se me cortam do degelo as palavras
E avisto as folhas solitárias jorradas em brancas placas

Assim em incongruências nos vemos
Nos traços que a planura no espaço adensa
Na matemática geométrica dos braços
Como em súplica dos brilhos imensos
Que a terna Natureza qual criança
Serenamente, brincando, a si clama

E no repouso das mãos entrelaçadas
Desfiam-se contas de prata salgada….


* ( Agradeço ao pintor a autorização de publicar a imagem
cujo blog "sbrdvnt" se encontra nos meus links)

24 comentários:

Peter disse...

Gostei do poema que é de uma extrema sensibilidade.

Luis Duverge disse...

Um poema, uma pintura, a mesma sintonia ... uma harmonia perfeita.
Gosto do equílibrio ...e desejo-te uma boa semana.

Memória transparente disse...

Bonito, Amita.

Beijinhos.

JMTeles da Silva disse...

Que melhor acompanhamento poderia ter a minha pintura que os teu versos e a música que escolheste?
Um grande obrigado pela honra concedida.
Bjokas.

António disse...

Minha querida amiga!
Ou deveria ter escrito:
Minha querida amita?
Será que um t em vez de um g faz alguma diferença?
Mas adiante:
Vejo que não tens sido muito assídua a postar.
Mas também vejo que continuas a cerzir a tua poesia com o cuidado habitual, não deixando nenhuma palavra ao acaso.
Obrigado pela tua visita e pelos teus três comentários.
Deixa-me só dizer-te que os senhores arquitectos Siza Vieira e Souto Moura (que acham que são uns grandes artistas), com a conivência do senhor Rui Rio (que deve pensar que é um ocenado de sapiência e bom senso), de facto assassinaram a Avenida dos Aliados.
Resta-me a esperança que nas próximas eleições tu votes (eu não o posso fazer porque vivo na Maia) num presidente que dê garantias de fazer uma Avenida bela como era a antiga e não um deserto cinzento como está agora.
Muitos beijinhos para ti

Anónimo disse...

Belo e verdadeiro, querida amiga.

bjinhos,


***maat

António Melenas disse...

Pois é, quando quero encontrar um lugar de serenidade visito o teu blogue e o pema de hoje, suscita-me esse mesmo sentimento
Abraço
António

BlueShell disse...

Lindo o poema e também a pintura do nosso amigo teles da Silva!

Adorei!

beijo azul...de uma concha que ...por ser azul...é diferente das demais!

BlueShell

Anónimo disse...

Amita, é sempre um prazer entrar aqui e dar com tuas poesias de textura fina, lindamente urdidas. Beijos!

Unknown disse...

Linda imagem!
Poema perfeito!
Lindos como tu!
Bjs, querida!

LUA DE LOBOS disse...

como eu gosto de te ler e sentir através das tuas palavras
xi
maria de são pedro

happiness...moreorless disse...

é um poema muito solto e sincero, adorei a simplicidade e a imagem escolhida*

um beijinho replecto de felicidade para ti*

RicBrSp disse...

Maria, vim ver este blog, como não li direito, não vou comentar desta vez, mas na próxima não deixarei.

Menina Marota disse...

"...E no repouso das mãos entrelaçadas
Desfiam-se contas de prata salgada…."

Excelente e a pintura é perfeita para o poema.

Beijo aos dois autores ;)

Manuel disse...

Suave, doce: BELO!

Heloisa B.P disse...

PARABENS AO PINTOR* ( de que muito GOSTO, tanto do que pinta em TELAS como o que pinta com LETRAS) e PARABENS A *POETISA*!!!
UM ABRACO AOS DOIS E, PERDOEM MINHA AUSENCIA, mas ando a bracos ( e... PERNAS...) com uma MUDANCA de casa que esta' sendo DIFICIL!!!
Hei-de voltar!!
BEIJINHO MINHA LINDA AMIGA!!!!!

Heloisa.
**********

Unknown disse...

Amita amiga!
Passei para deixar-te muitos beijos, flores e sorrisos para um lindo fim de semana!!!
:o)

Manel do Montado disse...

Um maravilhoso poema a somar aos que antes já aqui publicaste. A força que dele emana e o grito que faz soar traduzem a sensibilidade da pena que o escreveu.
Beijo

Manel do Montado disse...

(...) A dor que se me aperta no peito
Pelas crianças estropiadas
Num abandono displicente
E planeado (...)

Simplesmente belo, forte e emotivo.
Bj

Nilson Barcelli disse...

Há dias comentei este teu belíssimo poema, mas não o vejo...
Devo ter cometido algum erro...
Este poema é muito bom, gostei de o ler. Só umas mãos como as tuas o conseguiriam escrever...
Um beijo.

Anónimo disse...

Muito bom, gostei de estar aqui... um abraço...

Poesia Portuguesa disse...

Hoje o Poesia faz um ano.
Um ano inteiro dedicado à Poesia de autores de Blogues, em que tu és também participante.

Por isso o meu obrigada e o meu abraço ;)

Poesia Portuguesa disse...

Esqueci de referir a 1º. postagem que podem ler aqui:

http://portuguesapoesia.blogspot.com/2006_04_01_portuguesapoesia_archive.html

Anónimo disse...

Olá! Cheguei por meio do blog do Marconi. Gostei de devo voltar. Parabens!