quinta-feira, julho 19, 2007

A Parnaso


























Estranha és, ó Visitante,
mãe das horas profundas silenciadas!

Em folha sépia desfolhas palavras nuas,
no corpo de cada pedra escura
ondas brilhantes abres,
mais doces que um sítio isolado.

Libertas o medo das frias manhãs cansadas,
em letras voas pelo lanço da escada
íngreme, movendo um círculo espiralado
tecido num tubo de água.

E me ditas com ternura
da terra as sombras
em rama fina e delicada,
do pó do deserto o ouro, a prata,
nos entre-veios das pétalas rubras
em danças leves pela sala.

Estranha és, ó Visitante,
na candura com que enleias e traças
as asas que a brisa suave canta.


(pintura de DelMar ) aqui

6 comentários:

Anónimo disse...

Amei! E me ditas com ternura
da terra as sombras
em rama fina e delicada,
do pó do deserto o ouro, a prata,
nos entre-veios das pétalas rubras
em danças leves pela sala.
Precisa dizer mais? Lindo poema!
Bom fim de semana!
Bjs

Maria Carvalhosa disse...

Uma entrada perturbadora no teu universo onírico... algum sentimento de profanação do que é sagrado, porque esse universo te pertence, porque vem de ti e é de tal forma intenso que intimida, como se, apesar de consentido, o acesso a este teu mundo represente, de alguma forma, a violação do teu lado mais intimista.

Sentimento imediato após leitura única (propositadamente assim). Voltarei a ler-te daqui a dois dias e talvez este comentário venha a parecer-me disparatado.

A tua escrita é magnífica. Isso é um facto incontornável. Hoje, como daqui a dois dias, como daqui a cem anos.

Um beijo terno.

Páginas Soltas disse...

Como não escolher este magnifico Blog, onde o Dom da poesia impera?!!

Voltarei mais tarde para ler o poema com mais calma... E é na madrugada que o faço!

Dando resposta relativamente ao meu livro... Já o tenho no Blog... É só clicar na capa e vai ter ao site da editora!
Editora espanhola.. que faz vendas online...

Beijos e um obrigada da

Maria

Vieira Calado disse...

Seja de quem for o poema, é belo.
A pintura, que também não conhecia, igualmente.

Lúcia Laborda disse...

Olá! Passando pra desejar uma semana cheia de grandes realizações.
Bjs.

Menina Marota disse...

"...E me ditas com ternura
da terra as sombras
em rama fina e delicada,
do pó do deserto o ouro, a prata,
nos entre-veios das pétalas rubras
em danças leves pela sala.

Estranha és, ó Visitante,
na candura com que enleias e traças
as asas que a brisa suave canta."

Lindo...
Poema e imagem excelentes!

Beijinhos ;)))