sexta-feira, janeiro 11, 2008
Nós, os outros
Nós, os outros, habitamos a textura
aquosa e impura da cidade adormecida
quando o negro nela se abate
Nós, os outros, abrigamos o frio
nos jornais remexidos,
aninhados no vazio dos recantos
que o cimento e a pedra calam
Somos gente sem nome nem destino
em tempo indeterminado;
andarilhos na mão que se estende,
vestidos de invisibilidade
Nós, os outros, também sonhamos
a metáfora ténue dos papeis gastos,
da vida a essência dos dias plenos
entre a existência dos muros lentos
levantados pela hibridez da hora em viragem
Assim caminhamos o esquecimento
sob a trama da luz baça da cidade
(imagem Google)
Poema in "Transparência de Ser"
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26 comentários:
Um poema com sentimento e sem lamechices, como eu aprecio muito!
Bom fim de semana!
...querida amiga, fiquei muito feliz pelas novidades e desejo muitas felicidades para os nininhos, para os papás e para esta avó babada que se chama "Amita"...tudo de bom...
Beijinhosssssss e cont. de um bfs.
:)
obrigada eu.
pelo que vais postando.
para re.prazer do nosso entendimento.
beijo. A.
.piano.
Sonhos adormecidos, esquecidos, à margem...
Bonito poema - sentido, sensível...
Adorei...
Bom domingo
Beijos e abraços
Marta
Oie Amita! Que belo e verdadeiro poema! Faz parte da vida; um dia somos fama, outro anonimato. Um dia bela, outro fera e assim caminhamos entre sorrisos e lágrimas...
Que sua semana seja de realizações!
Beijos
...procuro madrinha para o meu blog...vai até lá:)...
Beijinhossss
Espero que não te importes que tenha levado "emprestado" este poema.
Algum inonveniente diz, que será de imediato retirado.
Um belo poema que retrata cada vez mais o que se passa neste País.
Beijo
Quando nos outros nos vemos a nós então é porque os outros não estão sós! cuida desse sorriso ;)
...tenho lá um miminho para as minhas amigas...tu és uma delas...vái lá buscá-lo...
Beijinhossssssss
É um poema sério e humano, bastante diferente de certas frivolidades que encontramos por aí.
Bom fds para a família aumentada.
o que é o conhecimento?
visão directa do corpo e da atitude?
prolongado caminho nem que condutor à saturação encapotada?
Vivência superficial feita de fait-divers e não de curiosa partilha sem hora nem condicionalismos marcados?
Será assim tão impossível iniciar o conhecimento na distância? julgo que não e defendo tal desiderato.
ASSIM AQUI DEPOSITO A MINHA HOMEGAEM AOS BLOGGERS, ESSES ALADOS TRANSMISSORES DE LAÇOS DE PARTILHA!
Um bonito poema com imagem admirável.
O sonho também pode vestir-se de imagens do passado.
Só um pormenor (olho profissional, desculpa!
"Somos gente sem nome nem destino
em tempo indeterminado,
andarilhos na mão que estendem
......" não será antes "estendemos"?
Parabéns e um abraço.
Jorge G
Pungente.
Humano.
Tocante.
Uma pedrada no charco!
Porque muitos são os que não têm voz...
Amita, minha amiga e conterrânea!
Para além de te ler com muito agrado!
Quero te deixar um beijinho de amizade e um abraço de aconchego!
ZezinhoMota
...amiga, passei para lhe desejar um lindo e colorido fds...
Beijinhosssssssss
Num post nomeei-te mas já n te avisei pq n ias a tempo de tb fazer a tua escolha.
Um beijo doce
lindissimo poema:)
parabens
venha participar em www.luso-poemas.net
Maravilhoso, Amita! 'Nunca te vi, sempre te amei...' querida poetisa. E à cada poema, mais! Um comentário mais abaixo fala que você versa sobre uma infeliz realidade ainda existente nesse meu querido (e ainda incógnito) Portugal. Pois eu acho que você visitou São Paulo ou outra das grandes capitais do Brasil recentemente... É uma pena que ainda existam situações inspiradoras desse tipo... Se mais políticos lessem poemas assim, talvez os poetas deixassem de ter tais inspirações num futuro...
ღღ Passei ღღ *.*´¨) ღღ
ღღ ¸..´para desejar¸..*´¨)*´¨)
¸.•´um lindo¸.•*´¨)e colorido.ღ ¸.•*¨)
FIM DE SEMANA
(¸.•´ ღღ (¸.•` ღღ !* ღღ
¸.•*¨)
(¸.•´ ღ (¸.•*´¨¨*Beijinhosssss*´¨¨*•.¸ღ .•*¨)
__________________assim caminho hoje,.
mas visivel e certa de que gosto de reler este blog. Todo.
obrigada.
"Nós, os outros, que olhamos o vai e vem diário frenético, encolhidos nos pedaços dos cantos também sorrimos... sorrimos pouco mas sonhamos mais, o sonho ainda tem vida, e encostados nas mãos do frio da rua sentimo-nos ainda quentes porque sonhamos ainda".
Lindo isto Amita, já não me surpreendes... és sensibilidade no teu ser... onde pousas os olhos - ou fechas os olhos- sentes o que está do outro lado! Por isso gosto tanto de te ler, e sentir o que transmites!!!
Beijinhos querida amiga!!!
"Assim caminhamos o esquecimento". E deles nos vamos nós esquecendo também.
Muitos deles são convictos.
http://somagui.zip.net
"nós os outros"...
os únicos capazes de fazer o tempo parar, nem que seja por um instante, para num repente fazer o mundo em paz até ao velho tic-tac recomeçar...
Olá,
o Eremita, do blogue EREMITÉRIO atribuiu-me um senhor prémio “É um blog muito bom sim senhor”, :).
Eu atribuo a:
Sete Mares; Policromia; Humores; Branco e Preto;
Extranumerário; Poesia Portuguesa; Estranhos dias e Corpo do delito.
nota: Cada blogue que possuo tem a sua forma intrínseca de existir, e é com base na do Páginas que a minha escolha foi feita. Como estive muito tempo afastada tenho que me reportar a algum tempo atrás e tendo espreitado cada blogue apontado vejo que não mudaram a qualidade. Alguns bloggers têm mais que um blogue e a escolha de um na verdade é a escolha do conjunto dos seus blogues. Os blogues também são os seus bloggers, isso também contou. (…)
Aproveito o facto de o Eremita também me ter lançado o seguinte desafio: escrever 6 coisas peculiares (próprias, privadas, características) a meu respeito, para responder e o colocar aos bloggers nomeados em “É um blog muito bom sim senhor”.
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Há uns tempos também tinhas por lá uma nomeação, A Caneta de Ouro, mas já te nomeei tarde e a minha indicação só foi para as pessoas que promoveram o concurso.
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E deixo-te um pouco de mim ou do que não consigo esquecer ou do que tenho medo...
"(...) A luz intensíssima dos projectores na Praça do Comércio denuncia restos de seres humanos caídos pelo chão, por entre as arcadas. Sim, restos. Sobras da sociedade, envolvidas em cobertores velhos que já não cheiram a nada, de tanto que cheiram a tudo. Como lhes é possível dormir? Adormecem de cansaço, apatia? A mim, as luzes cegar-me-iam.
Observo-os de longe, deste lado do microscópio. Vejo neles a letargia de um país que já mal se reflecte no brilho dos olhares. Fujo. Mas no caminho que me leva ao terminal dos barcos mora o "meu" sem-abrigo. Já só faço conjecturas vendo-o ali adormecido entre caixotes de papelão. Que mais fará durante o dia para além de dar milho aos pombos que Lisboa preferia não ter? Que fará ele para além de arrastar os pertences numa velha saca de compras com rodas?
Vi-o parado, um dia destes, no meio de numa serpentina interminável de gente à espera de mais um transporte, a ler a Visão. Será que ele já alguma vez a leu numa esplanada da praia de Carcavelos? Ou as perguntas que faço são apenas o medo que temos da dar connosco a ler uma revista qualquer, num outro dia qualquer, com a vida enfiada às pressas em sacos? Quero cerrar os olhos. Não desejo soçobrar entre os destroços dos que dormem ao relento. E no entanto é assim que sabemos que ainda não fomos totalmente mastigados pela engrenagem. Ainda resta o medo que só se dissolve quando atingimos a mais profunda indiferença."
Beijo amiga
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