
Sabes?!
As máquinas expelem bolas amarelas
conscientes de que elas
ditam ser alimentos saudáveis
anilhados, carimbados, numerados
em automatizadas etiquetas
Sabes?!
Em ruído se alinham estes passos
ensurdecedor, apartado de amor,
e nada mais são que meros farrapos
de algo que no trilho apenas conta
pela avidez da alquebrada existência
Sabes?!
Da análise visual - amarga inclemência -
o automatismo das mãos correndo
pelas pequenas bolas amarelas
de letárgica e inerte aparência
quando jorradas ao tabuleiro
na uniformidade de outros entes,
com espanto e dor nos apercebemos
que são seres outrora criados
na terra, ao sol, ao vento
com desvelados cuidados
antevendo sadios sustentos
Para onde caminhamos
se de nós o maquinismo da vida
na produção de massa intensiva
é parte demente?
Leves e doces eram os tempos
de outros singelos dias
que nos povoam a mente.
(pintura de Miguel Barros)
8 comentários:
Uma imagem lindíssima!
A realidade bem retratada pelas tuas palavras...beijinhos.
Só sei que nada sei, mas sou dedicado e eterno aprendiz, sempre a buscar os caminhos da reinvenção cotidiana da vida.
Manoel Carlos
Para onde caminhamos??
A eterna pergunta....uma realidade num poema brilhante..
Lindo, Amita
Beijos e abraços
Marta
caminhamos na incerteza da noite.
a oriente dos caminhos do verdadeiro legado humanista.
caminhamos em sulcos abertos, em falésias do vento que perde a identidade da terra.
_______
beijo amita
Sei apenas que ao ler os teus poemas, encontro o caminho directo para a minha alma.
Magnifico.
Bji querida Amita
"Leves e doces eram os tempos
de outros singelos dias
que nos povoam a mente."
Eu que o diga...
"Leves e doces eram os tempos
de outros singelos dias..."
Por aqui nos mostra a angústia ante os dias de hoje
que nos subjugam.
Belo poema!
Bjs
É com alguma nostalgia que volto a passar no seu espaço!
Excelente poema que nos reflectir um pouco sobre a corrente incontornável da vida.
Tudo de bom!
Abraço,
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