
Chove! Apenas chove!
Assim se ensina, assim se dita
e a interposta pessoa não se move
subjugada pelo rumo da sina
Naquele dia choveu!
Num além longínquo ou perto
e, sob a intransigência do verbo,
cada sonho esvaeceu
Mas eis senão quando
se assume o diletante Poeta
urdindo caminhos sem meta
na deflexão defectiva…
E me chove tanto, tanto,
que me anoiteço no canto.
Mas se me prouvesse a vida
amanheceria, estou certa,
nas mãos leves do Poeta
e sorriria. Então sorriria.
(pintura de Julio Romero de Torres)
Poema in "Transparência de Ser"