quinta-feira, julho 06, 2006

Em Breve Espanto















Sempre que nesta pedra me sento
Na liquidez das águas mudas
Nasce um novo vento no espaço
De olhares abstractos
Instantes confusos
Na (in)visibilidade de letras claras
Que contemplo
Em breve espanto

Rodeante é a obliquidade dos fios
Que finas teias espalham
E pelos dedos pontiagudos
Esvoaçam insectos
À procura
Do sustento em folhas sépia
Como urze na areia do deserto

E aqui regresso
À acalmia das águas
Onde o azul é mais intenso
E pelos ciclos do caminho
Dançam os doces sorrisos
Nesta pedra onde me sento


(pintura de Modigliani)

4 comentários:

Anónimo disse...

A tua poesia tem ganho muito em densidade e profundidade. É uim prazer ler-te.
Beijinhos

Nilson Barcelli disse...

O que não me espanta é a tua capacidade literária para escreveres poemas como este.
Estás a escrever cada vez melhor.
Beijinhos e bom fim-de-semana.

LUA DE LOBOS disse...

e como sou xata para gostar de poesia--- adorei!!!!até terça
xi
maria de são pedro

Luís Monteiro da Cunha disse...

"E aqui regresso
À acalmia das águas
Onde o azul é mais intenso
"

Estas poderiam ser as minhas palavras.
Sempre que aqui regresso, à acalmia destas belas e serenas imagens que nos transmites nas palavras (in)visíveis...

Bjinhos amiga
boa semana

Luís