
Docemente, alinho palavras
na entretecida canção de sal e água
Por vezes, ao seu redor
esvoaçam picos, formas de pássaros
coloridos alinhavos sob um fogo encantado
Olho-os na voz do silêncio desfolhado
Se por vezes sinto em acalmia a brasa
outras, estremeço pelo vazio
gritante que clama a inconsistência
a lenta perdição da mente
pelo deserto de inconstância desperto
que da chama nada entende
nem da verdade
Quisera ser aroma em flor de letras e
gota a gota elaborar a palavra em falta
quando cada verso de dor e treva
transforma em dúctil manto
essa voz de pranto e mágoa
Às vezes vibrante penso
silenciar o remoinho do espaço
e sorrindo docemente espalho
no fogo, o sal, a água
na eterna estrada em cascata
(fotografia de Luiz Edmundo Alves)Poema em "Transparência de Ser"