segunda-feira, abril 23, 2007

Paisagem














Encadeiam-se semanas…
Se a contento tudo passa
passará também o vento
na acalmia da brisa silente

Da força que me anima
construo pespontos de asas
e assim vou caminhando
em lentos e serenos passos
sobre casas, navios, escadas
frondosas árvores
que ocasionalmente avisto
sob a brisa marítima orvalhada
jorrando cascatas
na obliquidade escusa dos traços
no paralelismo confuso da matemática
ou no ponto minúsculo do poema
que no nada-tudo observa e cala

Que mais dizer se de um talvez se edificam
muros em escala?
Será porventura um sustento no espaço?

Do tudo apenas sei nada…
Qual ponto mínimo
observo, medito e tento
alcançar sábias palavras
sob a escassez do fio do tempo

Se ainda existo
a serenidade com carinho embalo
num límpido e terno sorriso claro
sobre a paisagem


(pintura de Júlia Calçada)

16 comentários:

H. Sousa disse...

Cara Amita, não tinha reparado que já foras galardoada com o Thinking Blogger Award. Acabas de receber mais um, mas sendo assim, estás dispensada de nomear mais.
Abraços

Anónimo disse...

Querida Amita,
Muito me honra teres escolhido mais uma vez uma das minhas pinturas para ilustrar o teu belo poema.
Beijinho,

Júlia

Anónimo disse...

um poema que li no dia da sua publicação e reli agora calmamente antes de o comentar, dada a sua estrutura reflexiva. desejo que o sorriso perdure e as palavras não se cansem jamais das tuas mãos. o meu carinho e um grande beijinho.

Anónimo disse...

Excelente!

Adorei o espaço,
está cheio de coisas boas.

Os meus parabéns...

Luis Mendes

Anónimo disse...

A pintura ressalta a serenidade das palavras. Adorei. Beijos.

Anónimo disse...

fantástico post poetisa...
por favor participe em www.luso-poemas.net. é um cantinho de literatura onde todos podem mostrar o seu dom, conversar com artistas com o mesmo gosto, trocar ideias e assim contribuir para que a chama fantastica da nossa cultura se manhtenha em cada um de nós.

de uma visita e se quiser participar, seria uma honra para nos ter tremendo artista no nosso cantinho.
grande abraço. luso poemas

Maria Carvalhosa disse...

Amita,
Fui interrompida e agora não tenho a certeza se o comentário anterior ficou gravado... desculpa se me repito.

Dizia eu (porque o sinto, verdadeiramente) que a tua poesia, erudita como é, parece jorrar com a naturalidade com que brota a água de uma fonte na encosta da montanha.

Um beijo afectuoso.

Nilson Barcelli disse...

Sempre belas as tuas poesias.
Este poema não é excepção.
Continua serena que vais bem...
Beijos.

Unknown disse...

A plácida beleza de sempre.

Anónimo disse...

Poemas que apetece ler e reler.

Entre linhas disse...

Poesias muito belas,e fascinantes.

Bom fim de semana

Bjs Zita

Anónimo disse...

"Quem diz que não pode haver
Neste mundo o Paraíso,
Foi por nunca merecer
A "graça" do teu sorriso!"
*
Maravilha teu poema!

Tem um lindo fim de semana, Amita

Anónimo disse...

Amita,
Esqueci deixar:
beijinho

Peter disse...

Gostei em especial da última quadra.
E ainda:
"no ponto minúsculo do poema/ que no nada tudo oberva e cala".

Queria agradecer-te o teres-me indicado para o Thinking Blogger Award, não porque eu o merecesse, mas como mais uma atitude bem demonstrativa da amizade com que sempre me tens distinguido.

Páginas Soltas disse...

Palavras sábias, são as que lemos neste espaço tão cheio de sentimento!

Não me canso de dizer...que os teus poemas...são de uma gradiosidade tamanha!
Beijinhos da

Maria

SILÊNCIO CULPADO disse...

Gosto deste blogue. Sinto-me em casa, espraiando o pensamento por um mundo variado de ideias. Gostei também de encontrar uma mensagem a alertar para uma jovem desaparecida. No meu blogue mencionei também a APCD-Associação Portuguesa de Crianças Desaparecidas, recém-criada pela família de Rui Pedro.