sábado, setembro 03, 2005

Há um mês que navegam no espaço

estes pianos estéreis

pendurados pela cauda uns nos outros

sem remorso

semeando chaves e velhos tecidos de linho

sobre o terreno coberto de cabelos macios

que a electricidade anima.



Os farrapos da cortina tombam

sobre os braços decepados

mas eles voltam como as andorinhas.



Embora as cortinas de fumo persistam

não há qualquer dúvida

mergulham fundo nos números.

De um lado há faróis em Dezembro

e do outro lado

ao fundo da escadaria

há punhais de ouro.


(Poema de ARTUR CRUZEIRO SEIXAS)

3 comentários:

Manuel disse...

O poema bem sugestivo, com imagens de grande expressividade.

wind disse...

Confesso que não conheço o autor, mas é um poema bonito. beijos

Maria Carvalho disse...

Um poema sentido, no sentido das palavras.Muito bonito. Beijos