Eram, na rua, passos de mulher.
Era o meu coração que os soletrava.
Era, na jarra, além do malmequer,
espectral o espinho de uma rosa brava...
Era, no copo, além do gim, o gelo;
além do gelo, a roda de limão...
Era a mão de ninguém no meu cabelo.
Era a noite mais quente deste verão.
Era, no gira-discos, o Martírio
de São Sebastião, de Debussy...
Era, na jarra, de repente, um lírio!
Era a certeza de ficar sem ti.
Era o ladrar dos cães na vizinhança.
Era, na sombra, um choro de criança...
(poema de DAVID MOURÂO FERREIRA)
terça-feira, maio 31, 2005
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2 comentários:
...@miguinha...bonito poema este que me deste a conhecer de David...acho-o um pouquinho tristonho...mas muito belo...aliás cada vez estou a gostar mais de poesia...e devo-o a todos vós...que escrevem boa poesia...e postam poemas espectaculares de poetas que nem eu conhecia...
Continuação de uma boa semaninha.
um beijinho*.
Adoro a poesia de Davide M. Ferreira!
Uma bela escolha, mesmo ao meu gosto!
Jinhos :-)
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