quarta-feira, setembro 22, 2004

Batas Brancas

Batas brancas que circulam, se cruzam atarefadas ou lentas.
Semblantes tensos, sisudos, pensativos, trocam opiniões e analisam situações.
As macas entram correndo com doentes gemendo com semblantes de dor, enquanto outras saem leves e vazias do sofrimento deixado.
Pessoas com problemas aguardam sua vez de chamada, enquanto parentes ou amigos procedem às inscrições.
Os pacientes mais faladores contam suas maleitas, seus infortúnios, para tentar minorar o sofrimento real ou a solidão em que vivem.
É um corre corre em corredores de tons brancos, lisos, impessoais, mostrando que ali, na dor, todos somos iguais.
Um enfermeiro passa "Conheço-a de algum lado!", "É natural, talvez daqui!", "Sabe, tenho uma vizinha muito parecida consigo...". Conversa interrompida por um chamamento do lado. Um sorriso que se foi...
Não há tempo.
A resolução de problemas impera.
Lá fora, umas dezenas esperam a sua vez de ser ouvidas pelas batas brancas.

10 comentários:

JPD disse...

«...ali, na dor, somos todos iguais...»
Isso é que era bom!
Então não reparaste como «A saúde vai estar diferente?»
Com a moderação das taxas uma hernia discal jamais será comparada a uma septicémia!
Bjs

mauro_mars disse...

Só reparamos nas batas, porque não somos atendidos com a rapidez que seria de esperar, porque se isso acontecesse apenas reparavamos nos rostos de quem nos atendia e não no uniforme por eles usado.
É o nosso sistema de saude deficiente.

Beijinhos.

Amita disse...

Tens razão JPD, esqueci-me dessa. Infelizmente vai ser verdade, não? Bjos

Amita disse...

Sabes, Mauro Mars , eu, para já, não tenho muita razão de queixa do sistema de saúde a nível de atendimento hospitalar. Talvez seja uma privilegiada. Bjos

Estrela do mar disse...

Batas brancas...hospitais...
Eu também não tenho grandes motivos de queixa, mas as horas que se perdem nas urgências, deixam-me num estado de ansiedade, nem imaginas...mas sei que tem-se que esperar pelos resultados dos exames.
Não há é condições para os acompanhantes dos doentes, e por vezes temos dificuldades em obter informações sobre eles. Mas eu consigo calmamente e com o meu próprio jeito, e sem conhecer lá ninguém, saber sempre o que se está a passar...sou persistente.
Continuação de uma boa semana para ti amita.
Um grande beijinho*

lique disse...

Vá lá que a tua visão dum hospital nem sequer é muito pessimista. Eu tenho outras visões bem piores. E é claro que este tema lembra sempre um dos pontos de discórdia do momento: as "benditas" taxas moderadoras. De que se irão lembrar mais? beijinhos

inconformada disse...

Diria mesmo mais - que a Lique - a tua visão até é um pouco optimista. Não por mim, mas infelizmente já frequentei alguns hospitais e às vezes bastava mesmo um sorriso... :-)
Beijo

Lino Gomes disse...

Nem tudo é perfeito nas urgências, longe disso. Se fosse possível as pessoas estarem, periodicamente, do outro lado das portas do SU, vendo a dificil realidade dos 2 "sub-mundos", talvez se evitassem alguns mal-entendidos, irritações e ingratidões...

AnaP disse...

Batas brancas, corredores sem fim, doentes... Tire a sua senha, espere na sala, então que temos?...
Ah, hoje não há consulta, os médicos estão de greve...

Amita disse...

Estrela : Tal como eu, com jeitinho e uma dose de simpatia lá se vai sabendo o que se passa...

Letras: Certamente que podes, se tiveres uma maca à mão e uma ambulância lá fora, bem sinalizada...

Lique: A imaginação fervilha! Será desta nova vaga de calor?

Inconformada: Um lindo sorriso quebra quase todos os gelos (ou quase...)

Lino: Tens razão. O espelho tem duas faces, a que mais ou menos gostamos e a outra, a infernal e de difícil aceitação para o comum dos mortais...

AnaP: Também acontece, tempo perdido, dinheiro gasto, males prolongados. Mas a quem pedir responsabilidades no momento? Há um serviço mínimo nessas greves que funciona mas só para casos urgentíssimos...