quinta-feira, dezembro 30, 2004

A Romaria

Gaiata e trigueira, encontrei a Alegria
Perguntei-lhe para onde ia
Vou para além, para a romaria
Bailar, cantar, dançar até ser dia
Hoje é noite longa de folia

Lá no meio da fanfarra, encontrei a Animação
Perguntei-lhe o que levava na mão
Grinaldas de flores, um coração
Saltitante, ansioso por entrar na confusão
Espalhando pétalas de amores

Roliça e bem nutrida, estava a Felicidade
Que levas no regaço? Falsidade?...
Transporto a pura beleza da verdade
Doces sorrisos de paz, a tranquilidade
Que isola, afasta as dores

Pequenita, disfarçada, lá ia a Esperança
Que fazes aí, criança?
Trago mares, ventos, de bonança
Estrelados céus azuis de confiança
Prá gente que não se cansa

Gorducho, olhar vivaz passeava o Amor
Também aqui, meu candor?
A romaria pertence ao meu pendor
Espalho voos, sonhos, irisados de dor
Musicalidades ternas ao meu redor



A todos os que por aqui passam ou passaram,
desejo um 2005 cheiínho de Paz e Alegria
e vos mando o meu sorriso amigo.
Sejam Felizes!

quarta-feira, dezembro 29, 2004

O Rio

Correndo anos e anos a fio
Tumultuosas águas dum rio
Evitando
Ultrapassando
Limos, lodos, escolhos
Derrubadas árvores interrompendo caminhos
Contemporizando
Aguentando
Marés inconstantes, turbulências
Desnudando mentiras, impaciências
Irritações
Reais efusões
Liberdades de voares permitidos
De ave planando nos ares dos sonhos
Matas desbravando
Subtilmente mostrando
Do rio o plácido leito delineado
Sua rota para a foz o mar encontrando
Tudo em vão
Só confusão
Prepotência, conveniente cegueira da mente
Esfusiante, desdizente, seguindo em frente…
Com serenidade
O lema: a verdade
Criando novas, frágeis penas arrancadas
Fortalecendo, treinando asas cortadas
Rasantes voares
Passados olhares
Arriscando subir às estrelas, ao azul céu
Percorrendo serras e vales lá do alto
Mirando o voluntarioso rio que se perdeu

terça-feira, dezembro 28, 2004

Olhos

Olhos são Paz, são conforto
São o carinho do rosto
A alegria dos sentidos
Olhos que trago comigo
Olhos profundos, doridos
Preocupados, inconstantes
Que buscam cada instante
O desbravar inclemente
Do que há pra além da mente
Olhos meigos, sonhadores
Luminosos e distantes
Perdidos na cor das serras
Que animam e alegram
Sempre que eles regressam
Para o pão que dá as terras
Olhos frios, indiferentes
Calculistas, dementes
Elaborando equações
Na busca de soluções
Do porquê o verde é verde
Olhos mortiços, cansados
Da vida e dos seus fardos
Triste miséria que arrastam
Olhos indagantes, curiosos
Interrogativos, misteriosos
Olhos de olhos distantes
Fenecendo à míngua, à sede
A loucura dos amantes
Olhos ternos, piedosos
Carinhentos, amorosos
Olhos dulcificantes
Olhos secos, orvalhados
Ondas de fumo deitados
Correntes de ilusões
Quentes, frias, paixões
Olhos de todas as cores
Irisados de fulgores
Olhos plácidos, serenos
Sorridentes e amenos
Seguindo a tranquilidade
A paz, a luz, a verdade

sábado, dezembro 25, 2004

A Viagem

Em sussurros tu dizes ao meu ouvido
Com ternura, doces palavras de enlevo
Querida, meu amor, fica comigo
Nada temas nem receies, eu te levo

Me afagas com doçura, me transportas
Loucas viagens pelo azul dos mares
Pelo deserto onde no Nilo as comportas
Se abrem lentamente para passares

Me abraças forte, seguro e confiante
Teus lábios meus olhos, cabelos afagam
Deslizando, afastando, num instante
Dúvidas, temores, que se apagam

Karnak as portas do Templo se abrindo
Jorros de Luz, de Paz, tranquilidade
De mãos dadas, murmuras, sorrindo
Vamos, amor meu, com serenidade

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Lendo...

Lendo
Absorvo palavras lentamente
Que entendo
Fazem parte de mim
Plenamente
Letras de Amor sem fim

Possibilidade
Do voo pleno nos ares
Com verdade
Confiança
Ultrapassando sóis e mares
O infinito se alcança

Pensando
Nas forças da Natureza
Orientando
Rumos, rotas e trilhos
Serenidades na beleza
Luz, sorrisos, com mais brilhos

segunda-feira, dezembro 20, 2004

Simplicidade

Com simplicidade te escrevo
Sentidas cartas de amor
Faço filmes, reinvento
Tudo para teu contento
Olvidando o pudor
Da concha em que me meto

Todo o dia em letras deslizo
Imaginando sonoridades
Partituras de sonatas
Notas perdidas, baratas
Que foram desperdiçadas
E aos Mestres eu bendigo

Os dias saem correndo
Seguindo águas e ares
Sóis brilhantes e luzentes
Poemas calmos, inclementes
Navegando pelos mares
Em frágil batel desfazendo

Teço rosas, lírios, em cetim
Treino asas, esvoaço
Bebo, saboreio, festividades
Ténues gotas em felicidades
Coisas que por ti faço
E enlaço mundos sem fim

Pinto doces deslizares
Em sonhos resplandescentes
Coso, ponteio, remendo
Letras, sorrisos, ao vento
Em serenidade vivendo
Luz amena de amares

sábado, dezembro 18, 2004

Mãos

Mãos serenas, caminhantes
Mãos fortes, dulcificantes
Percorrendo, descobrindo
Caminhos
Trilhos
Abrindo

Mãos estendidas, suplicantes
Mãos aguardando instantes
Da esmola da doçura
Da vida
Invivida
Em ternura

Mãos seguras, confortantes
Mãos alvas, brilhantes
Espalhando flocos de luz
Que lêem
Que sentem
O azul

Mãos rogantes, poderosas
Mãos transmutadas em rosas
Em pétalas se desflorando
Sumindo
Omitindo
Desdobrando

Mãos delicadas, elegantes
Mãos desenhando letras falantes
Em musicalidades, canções
De amor
De dor
Incompreensões

Mãos trémulas, impacientes
Mãos estimulantes das mentes
Imensidões estrelares
Marés
Em fés
De luares

Mãos verdejantes de prados
Mãos guitarras de fados
Acalmantes e gritantes
Em rotas
E notas
Instantes…

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Não

Não espero gratificações
Elogios, ou canções
Nem aparências de nadas
Muito mais do que alardas
Não procuro floreados
Nem versos inacabados
Nem tristes ou jocosos
Com sentimentos fogosos
Não sigo melancolias
Nem insanas folias
Ou mostras de cansaço
Nada disso eu abraço
Não tolero sentimentos
Desses perdidos nos ventos
Nem a inação que vejo
Que sinto e que prevejo
Como falsa, comovente
Da labuta insistente
Não indago o que não sentes
Se vejo, sinto que mentes
Não caminho a teu lado
Se te enches de enfado
E te perdes em dizeres
Para o vazio preencheres
Não te peço lealdade
Tão pouco fidelidade
Nem abraços ou ternura
Dizeres de pouca jura
E com tanto “não” me vou
O sorriso em mim ficou

Como Uma Marioneta

Sonhei com olhos amorfos parados
Entre gentes deslizantes
Olhos no palco fixantes
Como uma marioneta actuando
Sapateados
Uma criança abraçando
Ensinando
Batimentos cadenciados
Ela sorria, finalmente!

Despertar em cansaços intrigantes…

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Ilusões

Ilusões são pássaros voando pelo infinito azul
Ilusões são penas pendentes, rodopiando, cadentes, em luz
Ilusões são asas pairando, arco-íris sonhando
São verdes, rubras, multicolores
São tranquilidade, inconstância, fulgores
Pensamentos se soltando leves na sua cadência
Corridios, fugitivos na demência

Ilusões são sonantes musicalidades
De notas planando nos ares
Ilusões é sinfonia aberta completa
Rígida em sonoridades, incerta
Ilusões são pétalas, rosas e laços
Rezas, orações, abraços
Livros inacabados, poemas modificados
Portas abertas da Natureza
Divagantes na doçura, na beleza

Ilusões são olhos vivos e doces
Ilusões são faces ternas de amores
Ilusões são mãos afagantes, carinhosas
São sorrisos, águas plácidas, amorosas
Pó de estrelas, brancos luares
Sussurros, confidencialidades
Verdejantes montanhas e vales
Tortuosos rios, serenidades

Ilusões são láminas de sóis brilhantes
Ilusões são amanheceres orvalhantes
Ilusões são ocasos negros, escaldantes
São a leveza das plumas, instantes
Rectas, traços, sombreados
Em geometrias equilibrados
São folhas caídas, flocos de neve
Nuvens fugazes de tudo o que é breve

segunda-feira, dezembro 13, 2004

O Bicho Homem

Vagueando como apraz
Sabor do momento, tanto faz
Sorrindo em declarações
Amores de instantes, ilusões
Intensidade vivida uma a uma
Perdição de letras em penumbra
Sexuais verbalidades
Intensas ou inverdades
Uma e outra foi passando
Alma devassa explorando
Se passados ou presentes
Não me interessa, entendes
És homem, percebo, não aceito
Não lhe chames preconceito
Mas sim o saber da vida
Que voa, corre, corrida
Ficando no ar pairando
Gotas de nadas pensando
Indecisões dum encanto
Silêncio que se faz pranto
Cartas que não escreves
Promessas que não deves
Nem podias
Nem devias
Cada segundo lutando
Racionalizando
A vida e seus desdizeres
Perdidos em belos prazeres
Com começo mas sem fim
Nem para ti nem para mim
Melancolia, fulgor
Encanto e dor, dor
Alimentando possibilidades
Lonjuras de tempo nos ares
Perdida em meditações
Desabafos, conclusões
Eu amo a serenidade
Acalmia, paz, verdade
Infidelidade abomino
No sorriso que domino

domingo, dezembro 12, 2004

Sem Título

Não consigo, não consigo…
Não há palavras nem letras
O nada trago comigo
Me isolo
Vão consolo

Amanheceres entre orvalhos salgados

sábado, dezembro 11, 2004

O Protesto

Mares de letras atentas observam
Desenhadas em listrados
Quadriculados
Brancos e azuis papeis
Questionando que destino lhes darei

A imaginação voa sem rumo, sem norte

Ondeantes histórias inacabadas
Em amenas brisas
Perdidas
Esperando uma aragem mais forte
Um transporte para a vida, despertadas

Sem rumo, sem norte paira a imaginação

A invasão dos papeis começou
Exigindo, protestando
Reclamando
Em gritos surdos, onde estou
Retira o manto pendente, haja organização

E a imaginação desliza, no éter plana

Serenamente em incolores esgares
Sorrindo
Rumos e norte não abrindo
Apatia de amorfos caminhares
Que nem o frio vento do Norte abana

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Para quando se sentir só...

Peça ao céu um pouco de silêncio
e procure conversar com a noite.
Faça de cada ilusão uma promessa,
e pense que o que passou, passou.


Lá fora o ar pode estar pesado,
mas o desejo de seguir, de lutar, de amar,
é maior. Então liberte-se dos preconceitos
e saia por aí. Vá passear, ironize essa amargura
e faça dela uma sombra fértil de amor.

Não sinta receio de nada;
a vida é assim, tudo é um eterno recomeço...

Sempre existe um amanhã de saída,
que pode ser feito de boas aventuras.

Olhe-se no espelho e sorria, e coloque nesse
sorriso tudo de bom que você tem para dar,
as coisas que viu, ouviu, adorou e amou...
Afirme-se em um só pensamento de que seus
desejos sempre serão de alguma maneira
realizados; tudo é natural, tudo de
bom parte de dentro de você.


E lembre-se que em algum lugar existe
alguém que lembra de você, que sente saudades,
e te ama, e isso é muito bom.

Vibre com a lua,
mas contra a tempestade.
Fique feliz por ainda saber sorrir...
Vá! Levante a cabeça, coloque no rosto uma
expressão feliz, tudo vai lhe parecer mais fácil.
Notou?
Abra a janela e preste atenção
nos pássaros brancos
que voam no céu...

Tudo é paz, naturalidade e franqueza.
Por que esta melancolia? Lembre-se de um sonho, de
alguém que está sempre ao seu lado,
mesmo estando longe de você
e sinta como não é difícil ser feliz.


(enviado por Ruca www.rucasplace.blogs.sapo.pt)
Obrigado Ruca

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Ninho

Baixo… muito baixinho
No encaixo do ninho
Ouço musicalidades
Entendo sonoridades
Sinais de plumas voantes
Chuva de estrelas brilhantes

Lenta… mui lentamente
Pelo divagar da mente
Em sorrisos doces me entrego
Em sussuros que não nego
Alcançando o infinito
Belo, eterno, bendito

Terna… mui ternamente
Navego serenamente
Pelas correntes dos mares
Línguas de fogo solares
Escarpas, montes e vales
Percorrendo eternidades

Com doçura, com carinho
M’enrosco nas rosas do ninho
Em divagares coloridos
Em sentimentos sentidos
De paz e serenidades
Isolando-me dos males

Sorridentes despertares

terça-feira, dezembro 07, 2004

Sobre Espuma Florescente

Voo sobre espuma florescente
Em miscelânea de tempos
A barcaça que tomei
Fundiu-se imperceptivelmente
Nas estações, nos momentos
De melodias que cantei

Nua, subo um penhasco estéril
Solto minhas canções no ar
Sonoridade branda e débil
Auspiciosas do frenesim
D’Ícaro as brancas penas mirar
Puras ilusões de mim

Afrodite descalça caminha. Flores
E verde relva seus pés jorrando
Os rosados braços da Aurora
Os amores enlaçando
Que se perderam
Em dores
Míticos tempos d’outrora

Crus e frios deuses desafiando
Que riem da humana tristeza
Arautos da inspiração olvidando
Fiandeiros de vidas fios teceram
Omitindo a eterna beleza
Os sonhos, a paixão esqueceram

Serenamente
Deslizo
Com um sorriso
Sobre espuma florescente

sábado, dezembro 04, 2004

Ontem/Hoje

Ontem:
Emoções contraditórias, confusões
Agitares de gentes resolvendo
Realidades sanadas no dia
E obtendo
Cansaço em solidões
Desgastes que se previa

Hoje:
Tranquila noite de sono sereno
Ao longe vibrações ouvi, senti
Negras espumas em café despertando
Cheiro a Terra doce ameno
Gotículas de orvalho eu vi
A Luz tranquila da Natureza
O Sol a jorros pela janela entrando
Orgulhoso de beleza

E parti
Saí
Em Paz, o meu sorriso voltando…

sexta-feira, dezembro 03, 2004

Imagem reflectida

"Imagina que o presente é apenas um reflexo do futuro.
Imagina que passamoa toda a nossa vida a olhar para um espelho
com o futuro nas nossas costas, vendo-o apenas no reflexo do que
está aqui e agora.

Alguns de nós começariam a acreditar que poderiam ver o futuro melhor
se se voltassem para trás e o olhassem directamente.

Mas se o fizessem, mesmo sem o saber, estariam a perder a chave da
perspectiva que tinham tido antes.

Porque uma coisa nunca seriam capazes de ver nele: eles próprios.

Ao voltar as costas ao espelho, tormar-se-iam um elemento do futuro
que os seu olhos nunca lograriam alcançar."

Nota: extraído de "A Regra de Quatro" que acabo de ler
Bom fim-de-semana para todos, meu amigos

quarta-feira, dezembro 01, 2004

Tempo

Olhando através de um centímetro de fresta da janela reparo que lá fora não chove ainda.

Telhados luzidios escorrendo gotas, árvores desnudas lustrosas erguem seus braços esguios para o infinito em preces indicando caminhos.

A buganvília lutando contras as intempéries mantém teimosa os cachos de flores secando uma a uma enquanto o azevinho viçoso em colorações de verdes mostra orgulhoso suas pintas vermelhas.

Tempo soturno, alagado na serenidade da Aurora que despontou sem o brilho do Sol.

Os pássaros, rolas bravas e melros não me vieram visitar enrolados no aconchego dos ninhos. Só as gaivotas pairando nos céus. Prenúncio de tempestade.

Momentos de silêncio, tranquilidade, de quase paz, rodeante.
A Mente voa leve pelos ares sem sonhos em meditações de mim.
Encontro linhas suspensas paralelas, umas com bifurcações deslocantes cientes da inteligente luminosidade que emitem, outras brilhantes de mãos de sonhos voantes no éter.
Seguindo lenta e cautelosamente seus trajectos não olhando o abismo negro envolvente que pressinto, encontro secantes e paro suspensa nos ares analizando.

Retorno deixando que o tempo em Tempo transforme.