sexta-feira, maio 11, 2007

No fio do poema


















Pela boca do céu corre um poema velho
em amor, sol e espuma do rio é leito;
se nas cerradas janelas em escolhos flutua
moroso nos passos, a palavra desnuda

Pelos caminhos bifurcados o rio se alarga
nas ondulantes areias de um só traço
qual folha muda em lenta desfolhada
no leve poisio de um ponto no espaço

Será talvez um poema no fio das horas
sobre a antiguidade - tecidos de um canto –
onde breves letras expandidas em branco

sob círculos ovalados se desdobram
e no repouso dos joelhos aninhadas
em silêncio pairam, as mãos cantadas


(pintura de Nasrin Afrouz)

domingo, maio 06, 2007

Fitas e Laços


















Levanta-te, poeta, e ergue a tua taça!

Brindemos ao tempo das fitas
universitárias,
ao empedrado desfile pela praça,
ao passeio por ruas estreitas
escalonadas,
ao arrasto das latas e pinturas abstractas,
às intrigantes vozes em monocórdicas musicalidades,
nos ritos e rituais pela estrada dos laços.

Brindemos! E então talvez
se depositem ocasionais máscaras,
as penas das aves fecundem das caixas a opacidade,
os rios subam escadas desérticas
na diletante engenharia matemática,
e um fonema a expensas isolado
se liberte num voo cantado.

Sejamos coesos e unos
no misterioso conceito dos traços
para que sob os alpendres minúsculos
cresça a Paz das árvores
e de todas as casas suspensas
jorrem flores pelo espaço.

Se fitas não tenho, poeta,
teço linhas em amenos laços.


(imagem do Google)