quinta-feira, janeiro 18, 2007

À deriva














Emblemáticas, monocórdicas, arredias,
pelos dias pairam letras e palavras
numa invasão programada
e de constância interrompida
trespassando as paredes da casa

E alego convincente
- Amanhã vou! - Ia…
se o ontem no presente
pelo nada se abria

E soldava-as lentas e leves
num espartilho de sal e pedra
na certeza desejada e incumprida
daquele sorver de passos
vozes, beijos, rever laços,
em lonjura adormecida

Sob a equidistante neblina,
adensada e caminhante,
embalei as velas do nosso barco
numa serena deriva
onde verdes peixes cantavam
nos murmurados solfejos
de um mar de amor, paz e vida

Emblemáticas, monocórdicas, arredias,
dançam letras e palavras
na lesta terminologia
de fortes correntes de água


(Fotografia de Zacarias Pereira da Mata -
Blog: http://zacariasdamata.blog.com/ )

Poema in "Transparência de Ser"



domingo, janeiro 07, 2007

sublimando...






















Sob os aglomerados,
caminham as cidades
em bandos apressados

Não se falam, não se tocam e, se param,
pelo vazio o olhar se esquece,
espartilhado, estreito e ténue.

São como teias de vento e divagam
no cursor breve da matéria
esboçada em cinzel de água e pedra

Além, do alto, em qualquer parte,
medita-se, e de nós se faz a espera
tecendo candeias em peito aberto -
modeladas, sublimadas -
e com suavidade se espalham
em alvas árvores… de neve


(pintura de Shinichi Osawa)

Poema in "Transparência de Ser"