quinta-feira, junho 30, 2005

Em minhas penas...

Leve aragem me afaga as penas
Quando plano sobre o mar
Azul intenso em íris de ouro
Um espelho do meu voo
Nas minhas asas serenas

Terno sorriso espalho num canto
De doces flores musicais
São cravos, rosas, jasmim
Qu’envolvo num manto sem fim
E as penas vão transformando

Em sonoridades tais
Que o carinho, a ternura
Aquela ilusão que perdura,
Forma cambiantes de cores
Em laços, pontes, abraços
Infinitos luzentes amores
Que em minhas penas enlaço

quinta-feira, junho 23, 2005

Um perfume que a noite transporta

Um perfume subtil a noite transporta.
Adormecida em ventre d’água
Há uma voz qu’insone me clama
Em saudade orvalhada

É um aroma cobalto, anil
Em sua concha nacarada
Que me chama do meu leito
Onde me recosto, me deito
Em sonoridades mil

Sob os lençóis me viro, agito
Os braços estendo, encolho
Abraçando a voz em cantos
Intermitentes espaços qu’envolvo
Enlaço e penso: foi mais um sonho!
Mas como explico
O aroma que fica pairando …

domingo, junho 19, 2005

Um Jardim, uma Rosa, um Lago...

Um jardim, uma rosa, um lago
É um oásis na cidade fremente
Que passa do outro lado
Em muros, asfaltos, ausente….

Jardim de aves levíssimas
Musicado de verde
É um relógio suspenso…

Rosa irisada pelo sol doirado
Solitária na cadência do dia.
É uma palavra nua, infinda…

Lago azul de dançantes seres
Vogando em pontes laços abrigos.
É água de serenos sorrisos

Que somente

Na fragilidade do tempo
Tudo vê e tudo sente.
É a sensibilidade isolada
Entre a cidade correndo…

quarta-feira, junho 15, 2005

Rosto d'Água

Nesta quentura do dia, passa leve
um sopro de vento em massagem.
Deitado o meu corpo deliciado
o sol enleia em beijos m’afaga
Um calor arrepiado me invade
transporta p’ra outros mundos
distantes e mui profundos
que o tempo viu de passagem
Com tanta ternura, eu corro
e me banho em águas claras
Suas mãos m’agarram a cintura
puxam e me enlaçam
com serena candura
bebem a essência a pele
os poros dos longos cabelos
que se espalham
em teu peito
rosto d’água

terça-feira, junho 14, 2005

Verdes Canções em Flores

Verdes, verdes são os sentimentos
Que vagueiam pelo mar
Jangadas plenas de gente abraçadas
Ao mastro sem velas em fios de luar
Estrelas encantadas de dores
Que em verdes pradarias se deleitam
No cinza do entardecer que em breve
A noite abraça, enfeita
De verde em verde cobertas não sentem
O azul que se estende p’ra lá da floresta
Partículas de areia orvalhadas
Percorrendo encantadas o deserto
Que as rodeia

Verdes canções em flores

sábado, junho 11, 2005

Os quatro elementos

Escrevo sonhos de Fogo, labaredas
De palavras sem letras
Dualidade em flores de vento
Mui ledas
Madrugadas, brisas, momento

Escrevo a Água, ondina transmutada
Rio, catarata ou lago
Mantos espelhados, o afago
E entoo encantada
Sonoridades que trago

Escrevo em formas de azul o Ar
Voos suaves desenhados
Espirais a planar
Anseios, perdição d’ amores
Ilusão em tábua de cores
Navios de tons irisados

Escrevo a paixão da Terra, o sentir
O ideal desejado
No beija-flor simbolizado
Componho, enfim, a Natureza
Que num sorriso de tristeza
Teme, receia o provir

quarta-feira, junho 08, 2005

Rasgos

Sem o esse é o eu no presente
Do verbo interiorizado
Em delírios afastado, isolado
Dos afazeres da mente

Memórias abertas em horas, instantes
Tapetes de veludo, flores de ilusões
Um sonho caminhante em fracções
Formas espiraladas de cores difusas
Desnudas, obtusas em linhas traçadas
Que em mantos o vento apaga

Folhas de água em máscaras
Histórias passadas dementes
Sonhos constantes presentes
Em lonjuras asfaltadas correndo
Um partir longo demorado lento
Um chegar brusco de cores confuso
Aromas, perfumes que se evolam
Em essências serenas.

Rasgos: A quadratura circular do tempo

segunda-feira, junho 06, 2005

Entre Tempos

Uma prata imensa espelhada
Desdobrando, se desfazendo
São núvens brancas em tumulto
Um rugido, um grito, uma voz
Incontrolável, poderosa
Em que me sento…
Extasiada

Em rajadas e sibilos respondendo
Surge o vento
Arrastando tudo ao redor
Altera dunas, escarpas
Dançam areias desgovernadas
E dançamos
Nós

Entre forças, ilações e razões
Pelo poder espacial
Está a singela ampulheta
Mui serena
Aprendendo
Lendo o tempo
Que nos seus dedos desfia
e… sorria…

Promessas? Onde? Afinal…

sábado, junho 04, 2005

A parte de um todo

Tudo o que se espalha se move. Às vezes
Espalhando imóvel se queda.
Olhos do pensamento que passa, leve
Correndo por atalhos de momento
Breve

Tudo que vibra é sintonia musical. Contudo
Vibrando descompassado é mudo
No final. Um saber angustiado não vê.
Ternura dum livro aberto que perto
Não lê

Tudo que se parte se estilhaça. Embora
Partindo cada parte seja um todo
Sem demora. Milhares de vidas unidas
São: a hora, a força, a vontade que enlaça
Cantigas…

quarta-feira, junho 01, 2005

Em voo silente

Há uma canção que passa
por mim na brisa silente
e que me enlaça
ternamente

É um canto um abrigo doce
que percorro e discorro
Uma luz terna, amena
perene
que abraço

Uma ternura presente
que se sente e pressente
em cada passo
É um laço colorido
um abrigo
se em águas esbatido
ultrapasso

E sorrio com doçura
à luz que me perdura
que louvo agradeço
e não esqueço
a infinita ternura.