quinta-feira, julho 26, 2018

A indelével certeza


A indelével certeza dos anos encostados à parede
se de mim cobriu enganos, não teceu erros.
E dos muros levantados, amarelecidos no tempo,
resta a árvore que sustenta longos fios
de um cabelo em marfim penteado
que pelo afago dos dedos
a raiz alimenta

Floresce a dança perene da memória
em vagas macias, leves,
em laços de rede fina
ondulando nos anos a hora
de mulher-menina que canta
a indelével e alva certeza da brisa
que anos tece nos cabelos

E te bebo, minha hora perdida no tempo,
na leveza deste sentir em contemplação ausente
quando me sento, sob o silêncio das folhas
em doce acalento


quarta-feira, julho 04, 2018

Palavras doces


Pelas palavras doces
em alinhavos de letras
unidos  nos surpreendemos
numa esfera suspensa

E disfarçámos...
dizeres de outrora, alentos,
que nos traziam pendentes
num mar revolto de águas

E conversámos...
como se o tempo distanciado
fosse apenas
aquele reencontro sentido
e, nos fonemas, eterno abrigo
que a espera não alcança
sob a eterna lonjura da dança
de um tempo em contratempo

Inconscientes, revolvemos
as águas límpidas e claras
de um voar tão presente
que em nós, cada se entende
e sob o silêncio cala
em divergentes, etéreas ramas