sexta-feira, janeiro 28, 2005

A Vós

A vós, que por aqui em letras passais
Meus amigos caminhantes, agradeço
A ternura, o carinho demais,
Palavras doces que não mereço

A vós, que deslizais em silêncio por cá
E me ledes, grata estou, igualmente,
Pelo tempo precioso dado, e para já,
Um terno abraço vos mando somente

A todos vós, sem excepção, com humildade
No coração, dorido, em sentido sofrimento,
Percursos da vida, desafios de estabilidade,
Envio Luz, Paz, Amor e um sorriso, no momento

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Em Ramos Nus

O canto que canto soando baixinho
Letra a letra em crescendo vindo
Decompondo a palavra
Palavra que me foi dada
Num renascer outonal

Canto tímido, dolente, espraiando-se no ar
Somente

Nota em nota unidas, alteradas
Puras sonoridades divagantes
Acalmias de tempo em águas passadas
Partituras inacabadas

Pequena ave azul em voo de rosa musical
Lentamente

Me estendo
E me vendo
Me entendo
Me alcanço
Em descanso
Me mirando
Achando
A letra, a palavra, a nota, o canto

Em ramos nus


sábado, janeiro 22, 2005

Lamento

Gostaria de gritar aos ventos a raiva que sinto
Gostaria de poder continuar livremente sorrindo
Como outrora
Que foram tempos de leveza alucinante
Infantilidade d’ instante
Pureza que não há agora

Gostaria que os céus tempestuosos bradassem
Gostaria que a silenciosa dor bem alto clamassem
Toda a verdade
Passada, acreditando cega nas gentes
Em mentes límpidas, envolventes
De falsidade

Gostaria que mares revoltosos limpassem a montanha
Gostaria que a palavra fácil perdesse a força tamanha
Que tem
Atitudes, desamor, falsa amizade, lamento
Despudor d’incauto momento
De que duvido do Bem

Mesmo assim, gostando tanto
Eu me olho sem espanto
E vejo nos caminhos trilhados
Os escombros, lodos, afastados.
Admirando o infinito
Hora que eu bendigo
Em serenidade me torno
Num sorriso me transformo

quarta-feira, janeiro 19, 2005

Ó Gente!

Fito, me olho ao espelho
Miro, remiro, que vejo
Meditações em mim

Alguns seguindo caminhos
Alterados, nus, sozinhos
Em ambições sem fim

Ouvir-te a voz não desminto
Sonhares que por ti sinto
Ternuras perdidas nos ares

Mas olho o tempo que passa
Inclemente, na desgraça
Entre sóis, marés, luares

O espelho aclareando me diz
E o futuro me prediz
Olhando p'ra alem dos vales

Vês a Luz branca distante
Essa Luz que é constante
Que humaniza corações?

E clamo aos céus sentida
Silêncio estou esquecida
Enlaçada em ilusões

De outros que se perderam
Que quero crer esqueceram
Toda a beleza da vida

Iniciada. Cientes
Da fé de que são crentes
Olhares que a vida olvida

Oro aos deuses infinitos
Que tragam momentos bonitos
De Sóis e claridade
Riqueza d’alma, verdade
Que não se perca sozinho
Neste Mundo triste, mesquinho
D’informação que passa
E que as mentes atrasa
Em calculismos d’estares
Amorfos sentires d’amares

Meu sorriso serenamente
Passa por ti. Tenta. Sente.
Aclareia a tua mente.
Ó Gente!...

domingo, janeiro 16, 2005

Apelo para a Humanidade

Tivemos a tristeza de ver recentemente o Tsunami, causando uma grande destruição e vitimando um número inconcebível de pessoas em sete países da Ásia. Sabemos que esse tipo de facto é um acontecimento natural, porém havemos de analisar e acrescentar que a intensidade desse tsunami mostra-nos claramente que o desequilíbrio ambiental é, incontestavelmente, potencializador de forças naturais deste porte. Cabe a nós, definitivamente, uma reflexão séria sobre o assunto e buscarmos maneiras mais correctas de lidarmos com o espaço que vivemos, para que não sejamos nós os responsáveis por catástrofes desta natureza.

Nós blogueiros, propomos desde já, unirmo-nos em um alerta para a humanidade, e implantarmos cada um de nós, a nosso modo e em nosso ambiente, medidas práticas de mudanças!

É tempo de se falar abertamente. É tempo de se abordarem as questões em profundidade e não de forma restritiva. É tempo enfim, de se falar a sério sobre a questão ambiental e ecológica. Sobre a humanidade!

E com razão. É que cada vez mais se toma consciência de que o combate pela preservação, não tem fronteiras, não é regionalizável e de que a resposta ou é global ou não será resposta.

As chuvas ácidas, o efeito de estufa, a poluição dos rios e dos mares, a destruição das florestas, não têm azimute nem pátria, nem região. Ou se combatem a nível global ou ninguém se exime dos seus efeitos.

As pessoas ainda respiram. Mas por quanto tempo?

Os desertos ainda deixam que reverdejem alguns espaços estuantes de vida. Mas vão avançando sempre.

Ainda há manchas florestais não decepadas nem ardidas. Mas é cada vez mais grave o deficit florestal.

Ainda há saldos de crude por extrair, de urânio e cobre por desenterrar, de carvão e ferro para alimentar as grandes metalurgias do mundo. Mas à custa de sucessivas reduções de reservas naturais não renováveis.

Na sua singeleza, o caso é este:

Até agora temos assistido a um modelo de desenvolvimento que resolve as suas crises crescendo cada vez mais. Só que quanto mais se consome, mais apelo se faz à delapidação de recursos naturais finitos e não renováveis, o que vale por dizer que não é essa uma solução durável, mas ela mesma finita em si e no tempo que dura. Por outras palavras: é ela mesmo uma solução a prazo.

Significa isto que, ou arrepiamos caminho, ou a vida sobre a terra está condenada a durar apenas o que durar o consumo dos recursos naturais de que depende.

Não nos iludamos. A ciência não contém todas as respostas. Antes é portadora das mais dramáticas apreensões.

O que há de novo e preocupante nos dias de hoje, é um modelo de desenvolvimento meramente crescimentista – pior do que isso, cegamente crescimentista – que gasta o capital finito de preciosos recursos naturais não renováveis, que de relativamente escassos tendem a sê-lo absolutamente. E se podemos continuar a viver sem urânio, sem ferro, sem carvão e sem petróleo, não subsistiremos sem ar e sem água, para não ir além dos exemplos mais frisantes.

Daí a necessidade absoluta de uma resposta global. Tão só esta necessidade de globalização das respostas, dá-nos a real dimensão do problema e a medida das dificuldades das soluções. Lêem-se o Tratado de Roma, O Acto Único Europeu e mais recentemente as conclusões da Conferência de Quioto, do Rio de Janeiro e Joanesburgo, onde ficou bem patente a relutância dos países mais industrializados, particularmente dos Estados Unidos, em aceitar a redução do nível de emissões. Regista-se a falta de empenhamento ecológico e ambiental das comunidades internacionais e dos respectivos governos, que persistem nas teses neoliberais onde uma economia cega desumanizada e sem rosto acabará por nos conduzir para um beco sem saída.

Por outro lado todos temos sido incapazes de uma visão mais ampla e intemporal. Se houver ar puro até ao fim dos nossos dias, quem vier depois que se cuide!... e continuamos alegremente a esbanjar a água do cantil.

Será que o empresário que projectou a fábrica está psicológica ou culturalmente preparado para aceitar sem sofismas nem reservas as conclusões de uma avaliação séria do respectivo impacto ambiental?
Mesmo sem sacrificar os padrões de crescimento perverso a que temos ligados os nossos hábitos, há medidas a tomar que não se tomam, como por exemplo:


Levar até ao limite do seu relativo potencial o uso da energia solar e da energia eólica.

Levar até ao limite a preferência da energia hidráulica sobre a energia térmica.

Regressar à preferência dos adubos orgânicos sobre os adubos químicos.

Corrigir o excessivo uso dos pesticidas.

Travar enquanto é tempo a fúria do descartável, da embalagem de plástico, dos artigos de intencional duração.

Regressar ao domínio do transporte ferroviário sobre o rodoviário.

Repensar a dimensão irracional do transporte urbano em geral e do automóvel em particular.

Repensar, aliás, a loucura em que se está tornando o próprio fenómeno do urbanismo.

Reformular a concepção das cidades e das orlas costeiras

Dito de outro modo: a moda política tende a ser, um constante apelo às terapêuticas de crescimento pelo crescimento. È tarde demais para desconhecermos que, quando a produção cresce, as reservas naturais diminuem.

Há porém um fenómeno que nem sempre se associa ás preocupações da humanidade. Refiro-me à explosão demográfica.

Com mais ou menos rigor matemático, é sabido que a população cresce em progressão geométrica e os alimentos em progressão aritmética. Assim, em menos de meio século, a população do globo cresceu duas vezes e meia !...
Nos últimos dez anos, crescemos mil milhões!... Sem grande esforço mental, compreendemos aonde nos levará esta situação.

Se é de um homem mais sensato e responsável que se precisa, um homem que olhe amorosamente para este belo planeta que recebeu em excelentes condições de conservação e está metodicamente destruindo; de um homem que jure a si mesmo em cadeia com os seus semelhantes, fazer o que for preciso para que o ar permaneça respirável, que a água seja instrumento de vida e dela portadora, e os equilíbrios naturais retomem o ciclo da auto sustentação, empenhemo-nos desde já nessa tarefa, com persistência e determinação.


Se é a continuação da vida sobre a terra que está em causa, e em segunda linha a qualidade de vida, para quê perder mais tempo?...

Por isso apelamos a todos quantos se queiram associar a este movimento pela preservação Natureza, pela Paz e pelo desenvolvimento harmonioso da Humanidade, para subscreverem este Apelo.

Ao fazê-lo estamos a afirmar a nossa cidadania, enquanto pessoas livres, que olham com preocupação o futuro da Humanidade, o futuro dos nossos filhos!







Querida, como te adoro!

O teu porte é elegante
Esguio, olhar distante
Próprio dos sonhadores

O tempo teu inimigo
Não o é se estás comigo
Perdido em doces amores

Sussuro-te terna ao ouvido
Como te adoro, querido!
Cada vez que me abraças

Sorris e dizes baixinho
Meu terno amor, meu carinho
Encantos teus que não passam

Deslizando em meu corpo e mente
Em alvorecer ditoso, luzente
Momento eterno, sem fim

O fulgor brotando mansinho
Em sábias mãos, pele, no ninho
Enlevo de amante em mim

Palavras, letras, em poema
M’envias sem que a mão trema
Querida, como te adoro!

O tempo em tempo foi passando
Cada minuto, segundo, um encanto
De paixão, ardor, que devoro

De rubro escarlate vestindo
Sentes que vais diminuindo
Perdido no meu abraço

Não temos inconfidências
Meu Lápis, só as demências
Que serenamente enlaço.


sexta-feira, janeiro 14, 2005

Abrigo

Uma casa pequenita
De branco anda vestida
Tem olhos pretos
Imensos
Interioridades da vida
Vêde como é bonita

Caminhantes que lá chegam
Vindos de longe ou de perto
Um carinho encontram
Um abrigo
Um sorriso, um amigo
Um abraço mui terno

Casa modesta, singela
Interiores d’azuis pintados
Para a acalmia
Alegria
Dos caminhantes cansados
Perdidos no tempo que gela

De sonhos foi musicada
Em amor está colorida
Florida
Amena serenidade
De Paz, da verdade
Infinita, abraçada

Pára e entra, ó caminhante
Se tens sede, fome ou dor
Água e pão
Com ternura te darão
Afastando teu pendor
No entardecer, no Levante

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Por Ti Caminhante

Distribuo
Sem custo
Beijos
Meigos
Beijinhos
Carinhos
Ao caminhante que passa
Rogando
Implorando
Companhia
Gota de alegria
Em palavra transformada
Abro
Enlaço
Emoções
Corações
Sofridos
Sentidos
Esfomeados dum abraço
Me quedo
Com medo
Da quietude
(in)solicitude
Prevendo
Padecendo
Amarguras de ti, caminhante
Corro
Absorvo
Ilusões
Perdições
Cansadas
De vidas planas
Transformando
Me tornando
Sorrisos de serenidade

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Homem

Tu, louco, cego, acorda de vez!
Olha ao teu redor
O que vês?
A Natureza em sofrimento
Tudo aquilo que te deram
Te confiaram
De belo para cuidares
Destruído, alterado
Por tua ambição contaminado
Os filhos que geraste
Em lentas dores padecendo

Acorda, Homem, e vê!
Florestas destruídas
Dizimadas
Em clareiras de nadas
Como queres respirar?
Azuis mares poluídos
E os rios, revoltados
Onde o peixe não abunda
A terra donde nasceste
Seca, estéril, entristecida
Químicos que lhe puzeste
Já não floresce
Como outrora, lembras-te?

Vê, Homem, o sol a rodopiar
A lua mudando de lugar
Olha a desertificação da Terra
Que causaste
Insano tu provocaste
Ambicionando o poder
Fomentando rixas e guerra
Em gentes a ti iguais
As experiências nucleares
Fragmentando os ares
Que inalas mais e mais

Indignados estão os ventos
Em tempestades
Calamidades
Transformados
Pela tua ambição, inclemência
Triste demência
Homem, grita alto e diz
Do fundo do coração
Chega! Basta! Não!

sexta-feira, janeiro 07, 2005

O Trema

A conversa corria animada
Em temas vários fluindo
Palavras indo e vindo
Amizade iniciada

Voavam letras, sorrisos
Trocando conhecimentos
Leves, inocentes momentos
Movendo teclas e risos

Estrangeirismos deslizando
Certa altura, qual espanto
E para meu desencanto
O trema desaparecera voando

Louca, insana, investiguei
As teclas, os botões, as traves
Será que fora p’rós Algarves
P’rás férias que não lhe dei?

Encontrada a solução
Em breve foi esquecido
Por um “E” substituído.
Me dizem de lá, então:

“À janela batem, espera!”
“Com o frio Inverno de fora,
Corre, não descuides a demora
Abre a porta à Primavera.”

Quase desligando, saindo
Escrevem rápido, na hora
O teu trema chegou agora!
Um sonoro riso emitindo.


(À Ana, pela simpatia irradiada)

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Em Tempo...

Procuro a beleza, a candura
Palavras doces, a ternura
Entre os brancos espaços

Ávida percorro silêncios
Interiores profundos, imensos
Vogando em gotas d’água

Desbravo as letras do tempo
Correndo, pausando, a contento
De sóis brilhantes, luzentes

Desenho imaginações
Teço mantos de canções
Nuas nos ventos passados

Exploro árvores invernosas
De folhas caducas, chorosas
Buscando a luz dos abraços

Sigo trilhos e caminhos
Feitos de escolhos e ninhos
Encobrindo minha mágoa

Diviso rectas, espirais
Geometrias planas, iguais
Sentimentos condizentes

Olho para além do espelho
Que encontro, se só vejo
Vendas em olhos cerrados

Queria espalhar nos ares
O imenso amor dos mares
Que trago dentro de mim

Queria emitir serenidade
Paz doce, tranquilidade
No infinito sem fim

terça-feira, janeiro 04, 2005

Estádios

Desaparecida
Sumida
Entre os cantares de Inverno
Olhando
E não vendo
O desfolhar florido bem perto

Sem perturbações
Retomando a alegria
Apanágio do seu dia
Indagando
Procurando
Alcançáveis estádios azuis nos ares

Serenamente
Sem espanto
Turvas águas e orvalhares se indo
Partindo...
Ficando
Ave nua em brancas penugens
Timidamente treinando
Esvoaçares

E sorrindo...

domingo, janeiro 02, 2005

Cristal

Sensibilidade é uma rosa de cristal
Pura, fina, transparente
Seu canto é a semente
Que espalha pelos prados
Amanheceres orvalhados
Conscientes isoladores do Mal

Flor de leves mantos vestida
Transparências da Vida
Ilusória, frágil, protecção
Sonoridade transportada na mão
Do Homem que se faz forte
Abandonado à sua sorte

À brisa, ao Sol, estremecendo
Iniciadas fissuras contendo
Em pétalas esmaecida
Luz que trazes a Vida
A Paz, a tranquilidade
Caminhos serenos, a Verdade

O sorriso vive em mim
Em mares azuis sem fim…