quarta-feira, dezembro 18, 2013

sexta-feira, dezembro 06, 2013

Acasos de vida II


















O cheiro do Verão ainda amornava o ar.

Prevendo que teria de ficar a trabalhar até mais tarde, pedira à sua mãe que
lhe emprestasse o carro. Nesse dia não seria muito fácil obter boleia para o
Porto porque era um dia de feriado facultativo e a empresa trabalhava a meio gás.

Quando tudo estava preparado para o evento do dia seguinte, fez-se à estrada e
pensou “Credo! Hoje há imenso movimento!” sem se lembrar que nesses dias
muita gente aproveitava para passear, ir a Espanha às compras, ou simplesmente
estar de regresso de umas mini férias.

O lusco-fusco instalara-se no ar e a fila de carros era quase contínua.

Numa grande recta, vendo uma abertura segura, procedeu à ultrapassagem dos
carros mais lentos.

Eis senão quando avista, a uns 50 metros à sua frente, uma motorizada em diagonal,
atravessada na estrada, sem qualquer sinalização, dirigindo-se ao passeio do lado
esquerdo, onde nem uma rampa havia.
Surpresa e aflita para não bater em cheio na motorizada, abrandou, rodou o volante
para a direita, o que não evitou de lhe tocar de raspão, e chocou com pouca força na
porta do condutor de um Mini branco.
Atónita, nervosa e sem acção, estacionou mais adiante.

Passados alguns minutos começou a ouvir um burburinho e vozes exaltadas.

Saiu do carro e deparou-se-lhe um conflito entre o senhor da motorizada e o do Mini.
O primeiro acusava o segundo de lhe ter batido e este negava.
Nenhum percebeu o que se tinha passado.
Então, dirigiu-se para o tumulto e disse: “Tenham calma! Fui eu que bati nos
senhores e tenho seguro.”

Ó palavras que disse!...
O da motorizada puxou dos galões e informou-a que era polícia;
o outro só exclamava: “Poem mulheres a conduzir e é isto que se vê!...”

O polícia acompanhou-a, muito irritado, até ao carro, exigiu que lhe mostrasse
os documentos e perguntou:
“Onde é que a menina trabalha?”
“Na Oeberg, senhor guarda.”
 “Ai, coitada da menina! E amanhã como é que vai trabalhar sem carro?”
“Não se preocupe, senhor guarda! Primeiro trato do seguro e depois vou para
a empresa.” respondeu, surpreendida pela alteração de trato.

No dia seguinte, quando chegou à Oeberg, uma colega informou-a que um polícia
já tinha telefonado 4 vezes a saber se ela já tinha chegado e se estava bem.

(A inauguração da empresa era naquele dia e o chefe dele havia sido convidado)