segunda-feira, janeiro 04, 2010
























Pelos telhados de zinco
Ruídos se espalham
Quais flamas em denso destino
De amargura urdida nas asas
De quem o voo quer e nem plana
Do se ser e não ser nada
Pela incongruência espalhada
Por um dito que se abafa
Na eterna voluntariedade
De vãos anseios fortuitos

Sou o que sou
E ninguém me cala.
Sou a voz do caos silenciado.
Aquele pensar de todos
No medo instalado
Pela precariedade do momento
Que no tempo cria espaço.
Desejo de passos em manhã clara.
A aurora vespertina
Sob o trinado dos pássaros.
O brilho que acalenta e serena
Os frisos revoltos do mar
Onde o cavo frio de dedos
Doba teceduras de ar

Com beijos, sorrisos, desvelos
Vos enlaço, acaricio
Das águas transmuto flores de lírios
Nos passos verdes da rama.
Num Inverno de frio extenso
Das folhas a voz suspendo
Esses sons amachucados
E sob pingos de mel
Casulos teço… de palavras


(imagem de Zhaoming Wu)