quarta-feira, dezembro 15, 2010
Boas Festas
Muito grata pela amizade e compreensão que sempre e
em especial este ano me dispensaram, desejo-lhes
umas Boas Festas e um bom Ano Novo.
Um carinhoso, imenso e saudoso abraço e uma flor da
Amita
Fátima Fernandes
sábado, outubro 16, 2010
L' empreinte du silence
Sem ter-te nem guar-te
observo o instante da hora
no espaço fugaz da memória
e contemplo
risonhos momentos
de água límpida e clara
Um quasi nada separava
dos templos o branco imaculado
por onde percorremos
outros trajectos de abraços
na silenciada sinfonia
cúmplice que amor enlaça
Fomos os passos na borda do rio
que desfio… desfias…
pelas letras e sorrisos
e no tempo se tornaram
gotas de aurora em traços
(pintura de Janusz Migacz)
domingo, outubro 03, 2010
III Antologia de Poetas Lusófonos
Depois do sucesso das I e II Antologias de Poetas Lusófonos, que contou com
mensagens de parabéns dos Presidentes da República de Portugal e do Brasil,
assim como do Primeiro-ministro de Portugal, de diversas Embaixadas, imensas
instituições e muitas pessoas individuais nasce agora a III Antologia de Poetas
Lusófonos.
No total, são mais de 200 poetas nas três Antologias, de 14 países. A III Antologia,
conta com a participação de 98 poetas de 11 países.
Neste sentido:
O Presidente do Município de Pombal e a Folheto Edições têm a honra de convidar
V. Exa. e Família para a apresentação da III Antologia de Poetas Lusófonos, a
realizar no próximo dia 9 de Outubro de 2010, pelas 16 horas, no Auditório da
Biblioteca Municipal de Pombal (Portugal).
Haverá um momento de poesia com a participação de vários poetas e actuação do
Grupo de Tunos de Leiria. A cerimónia terminará com um Porto de Honra.
sábado, julho 31, 2010
Docemente, alinho palavras
na entretecida canção de sal e água
Por vezes, ao seu redor
esvoaçam picos, formas de pássaros
coloridos alinhavos sob um fogo encantado
Olho-os na voz do silêncio desfolhado
Se por vezes sinto em acalmia a brasa
outras, estremeço pelo vazio
gritante que clama a inconsistência
a lenta perdição da mente
pelo deserto de inconstância desperto
que da chama nada entende
nem da verdade
Quisera ser aroma em flor de letras e
gota a gota elaborar a palavra em falta
quando cada verso de dor e treva
transforma em dúctil manto
essa voz de pranto e mágoa
Às vezes vibrante penso
silenciar o remoinho do espaço
e sorrindo docemente espalho
no fogo, o sal, a água
na eterna estrada em cascata
(fotografia de Luiz Edmundo Alves)
Poema em "Transparência de Ser"
domingo, julho 11, 2010
Chão de meninos
Abriu-se um rio de fogo
Naquele chão de meninos
Ancorados num navio
Previsto porto de abrigo
Erravam suas formas singelas
Em sonoridades coloridas
Tão rubras, tão amarelas
Palco das peças da vida
Vaguearam em descobertas
Cada canto, cada estigma
Efémeras lápides, esquinas
Sob a cruz de ufanas velas
Que o tempo deu guarida
E de sombras se vestia
Num leve sopro de vento
Em fel se abriram as águas.
Inomináveis descobertas,
Vis portentos resguardados,
Surgiram com turvas máscaras
E os meninos gritaram:
Mais não quero! Basta!
(pintura de Georges Seurat)
sexta-feira, junho 18, 2010
Singularidade
Ilusão súbita e tardia
Quando mãos abriam em ondas de prata
Seu corpo submerso em bolsas de água -
Quimera em mantos esparsos
Respirava o deslizar borbulhante da pele
De intensidade profunda e leve
Qual suave e doce melodia
Pelos devaneares sentidos
De um silêncio em que se abarca
Num farol estranho que canta
Voava pelo mundo da utopia
Em fugazes cordéis de laços
Sorrindo incauta e intensa
Nas bolhas desfeitas nos braços
E pelo corpo do poema
De traços dobrados
Geravam-se raízes
Em sépia clareadas
(imagem do Google)
domingo, maio 30, 2010
Cogitação
No nicho que me abriga
Me protege e se agita
Pelas agruras do tempo
Caminho e voo ciente
Das misérias deste mundo
Entre ditos e desditos
Protegem-se conveniências
Louva-se a prepotência
De uns outros que despertam
Uma dolorosa sequência
De extensos dias obscuros
Inclementes, informes
Sendo um circo fechado
Protecção de ténue gente
Que pode mas nada sente
Pelos trilhos cruzados
Há sempre alguém que fala
Mais alto e que rasga
Dementes rajadas de vento
Por isso canto o laço, o amor
O terno abraço em riscos
Que a sede de nós reclama
E com afagos teço abrigos
Entre estas brumas, na rama
(imagem recebida por e-mail)
sábado, maio 01, 2010
Um dia pela Vida*
Codificados são os números
símbolos, letras, espaços
que te entoam como laços
no fulgor do teu ser profundo
Segues o texto indecifrável
pelas mentes normalizadas
tentas outras sementes
de outrora, em ondas claras
E de repente
como animal em cavalgada
na árvore em doce rama
descobres da vida a essência
no que a palavra cala
pela subsistência da flor amena
que em estádio de silêncio
o amor preenche e vaza
Quisera ser a triangular forma da palavra
no subtil aroma da longa, incansável vaga
feita de fogo, terra, sal e água
(imagem recebida por e-mail)
* poema para o livro "45 Poemas pela Vida
corrente solidária". Núcleo da Maia. Liga Portuguesa
contra o Cancro. Edium Editores
sábado, fevereiro 27, 2010
Belíssimo! Talvez muitos considerem um superlativo vulgar
quando se fala de poesia, mas a suave transparência das palavras,
o seu dedilhar como renda delicada, o encantamento que nos
envolve leva-nos a uma incansável e contínua leitura.
Assim é o meu sentir do recente livro da Maria Azenha intitulado
“de amor ardem os bosques” de onde retirei o poema:
Não sabes, leitor, como estou rodeada de silêncio
há uma ave onde este texto se apoia.
fecho os olhos, e o poema traz para este lugar
o búzio dos cofres
escrevo em filigranas de ar
secretas harpas de sombras
onde as primeiras letras ousam pousar.
durante anos treinei o lúmen do coração
em cântaros de sol subindo os primeiros degraus
depois habituei-me à confidência das aves
pousada na inteligência dos bosques
movidos a vento e água,
acácias entre mãos
por último a ciência da respiração
no sumo das auroras
Grata, Maria Azenha, pela partilha de belos momentos de leitura
nesta sua dádiva de amor nas palavras.
segunda-feira, janeiro 04, 2010
Pelos telhados de zinco
Ruídos se espalham
Quais flamas em denso destino
De amargura urdida nas asas
De quem o voo quer e nem plana
Do se ser e não ser nada
Pela incongruência espalhada
Por um dito que se abafa
Na eterna voluntariedade
De vãos anseios fortuitos
Sou o que sou
E ninguém me cala.
Sou a voz do caos silenciado.
Aquele pensar de todos
No medo instalado
Pela precariedade do momento
Que no tempo cria espaço.
Desejo de passos em manhã clara.
A aurora vespertina
Sob o trinado dos pássaros.
O brilho que acalenta e serena
Os frisos revoltos do mar
Onde o cavo frio de dedos
Doba teceduras de ar
Com beijos, sorrisos, desvelos
Vos enlaço, acaricio
Das águas transmuto flores de lírios
Nos passos verdes da rama.
Num Inverno de frio extenso
Das folhas a voz suspendo
Esses sons amachucados
E sob pingos de mel
Casulos teço… de palavras
(imagem de Zhaoming Wu)
Subscrever:
Mensagens (Atom)