quarta-feira, julho 25, 2007

Eterno abraço

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Enlaço-te
numa rama profunda e delicada
nas letras em densas águas
voluntariosas que não acalmam

Acompanho cada passo de luz e sombra
quando espelhas cansaço
da luta que te permeia
e, silente, espaças

E vivo
a Dita, a Desdita, com que enfeitas
outros traços
paralelos, singelos, que interessa?!,
se deles me fazes parte

E se me calo
e de silêncio adormeço
estremeço
sempre que um adoro me voa
e me lembra cantigas de outrora
no baloiçar de um eterno abraço


(pintura de Pierre Auguste Cot)


Poema in "transparência de Ser"

quinta-feira, julho 19, 2007

A Parnaso


























Estranha és, ó Visitante,
mãe das horas profundas silenciadas!

Em folha sépia desfolhas palavras nuas,
no corpo de cada pedra escura
ondas brilhantes abres,
mais doces que um sítio isolado.

Libertas o medo das frias manhãs cansadas,
em letras voas pelo lanço da escada
íngreme, movendo um círculo espiralado
tecido num tubo de água.

E me ditas com ternura
da terra as sombras
em rama fina e delicada,
do pó do deserto o ouro, a prata,
nos entre-veios das pétalas rubras
em danças leves pela sala.

Estranha és, ó Visitante,
na candura com que enleias e traças
as asas que a brisa suave canta.


(pintura de DelMar ) aqui

sexta-feira, julho 13, 2007

Desafios

Em tempo devido, já pelo mesmo ultrapassado, tive a honra de ser
nomeada pela Maria* e pelo Peter** para dar seguimento à
corrente “Meme” que, por idêntico motivo, me abstenho de
explicar e a quem muito agradeço.

Transcrevo, de seguida, uma das inúmeras passagens constantes
do livro “Crónica do Pássaro de Corda” de Haruki Murakami que
muito gostei de ler e que deram origem a um ou outro poema por
me terem feito pensar.

“Sem dar por isso, comecei a falar sozinho. Num sussurro, saíam-
me da boca fragmentos de reflexões de que nem eu próprio tinha
consciência. Era superior ás minhas forças. Desligada da minha
mente, a minha boca movia-se sozinha, de maneira automática,
independentemente da minha vontade, lançando nas trevas
palavras que aos meus olhos não faziam sentido. As palavras
provinham de uma zona de sombra para logo a seguir serem
absorvidas por outra. O meu corpo parecia ter-se transformado
num túnel vazio, uma conduta a ligar dois pontos por onde
transitavam as sílabas. Tratava-se de fragmentos de reflexões,
sem sombra de dúvida, mas era como se aqueles pensamentos
fossem gerados fora da minha consciência.”


Pelo exposto no primeiro parágrafo, também me sinto muito
honrada e grata ao Manoel Carlos*** pelo desafio sobre
“O que ando a ler” e que convosco partilho:

“Inquérito às Quatro Confidências” de Maria Gabriela Llansol -
escritora portuguesa, duas vezes galardoada com o Grande
Prémio APE e com várias obras de mérito publicadas.

“Confissões de uma Liberal” de Maria Filomena Mónica – um
livro de crónicas focando vários temas da actualidade, revelando
a sabedoria de um olhar inconformista, liberal e céptico, sobre a
realidade portuguesa e estrangeira.

“Combateremos a Sombra” de Lídia Jorge – escritora
portuguesa muito conceituada e considerada como uma das vozes
mais originais e poderosas da ficção do nosso País. A acção
desenrola-se sobre a condição de zelador do mundo secreto,
de um psicanalista.

Apesar de não dar seguimento aos desafios, pois a todos nomeio,
aproveito esta oportunidade para agradecer aos meus amigos
Clave de Lua II, Letras Pinceladas e Nimbypolis (constantes
dos links) a amabilidade que também tiveram em nomear-me
para o Thinking Blogger Award e aos quais não tive
oportunidade, em tempo, de agradecer.

Grata por tudo, com muita amizade, a todos desejo muita luz e paz
nos vossos caminhos.



* http://wwwthornlessrose.blogspot.com/

** http://conversasdexaxa4.blogspot.com/

*** http://www.agrestino.blogger.com.br/