quarta-feira, dezembro 31, 2008

Flor de águas
















Ao meu amigo Manoel Carlos


Espelho meu…
Espelho de cada hora
Que no tempo desfolhas ramas,
Ternas ramas d'outrora,
Cantadas
Nas manhãs de folhas cândidas
Onde me aninho e embalo
Meigas e doces palavras

Se minhas rugas afagas
Com mãos suaves meus cabelos
Brancos, em flor de águas,
Contigo eu adormeço
E em leves sonhos aconteço
Na magia de menina
Que é meu e teu sustento.
E se de utopia eu falo
Nosso será, eterno, o começo



Que a Amizade, Fraternidade e a Paz
enlace todos os que, por mim, seus caminhos
cruzaram. Um Bom Ano de 2009.

domingo, dezembro 14, 2008

Por vezes ...

















Por vezes,
nas horas há letras escassas
prolongadas no caminho
em submersos compassos
que não dominas… domino…
no cruzadismo dos dias

Por vezes,
é tempo de emoções contidas
nos rastos antigos dos passos;
desse tempo eternizamos,
do amor, a etérea dádiva.

E, do sonho,
marés brilhantes e claras
nos permanecem e animam
nos momentos de silêncio

Por vezes… nas vezes quantas…


Com muito carinho desejo a todos os que aqui passam ou
passaram um Alegre Natal e que o Ano Novo vos traga
muita Felicidade.

(Imagem Google)

segunda-feira, dezembro 08, 2008

A "estória" de um poema

Em 17 de Novembro de 2006, publiquei no meu blogue brancoepreto-I um singelo poema que foi lido pela primeira vez no Lugar aos Outros 35, do Estúdio Raposa, pela voz inconfundível do Luís Gaspar.

Durante corrente ano, a Truca estabeleceu informar os seus leitores sobre os 10 poemas mais ouvidos mensalmente no Palavras d'Ouro.

Para surpresa minha, fui constatando que o mesmo poema ficou classificado em 6º, 5º e 7º lugares nos meses de Fevereiro, Março e Outubro, respectivamente.

Espantada com tal classificação, indaguei junto do meu amigo e responsável pelo programa Luís Gaspar que me garantiu a fiabilidade dos downloads efectuados e das estatísticas apresentadas.

Perante os factos acima, quero agradecer à pessoa (ou pessoas) que, com dedicação, perseverança e (acredito) amizade, fizeram com que o meu poema "Em rosa rubra" atingisse o 4º lugar no mês findo.

Nos teus braços de palavras
Me enrolam carícias mudas
Qual rosa rubra despontada
Que seu doce aroma espalha
E pelo espaço perdura

Soltam-se pelas cidades, inter muros
Os pontos que no Tudo abarcam
Estilhaços esvaídos em leve fumo
Quando em ti me lês nos traços
Desprendidos, planos, profundos

Sob as longas raízes criadas
Me enfeitas e desnudas
A serenidade dos passos
O beijo que o vento permuta
Esse encontro inesperado
Num qualquer presente-passado
Feito de essência e candura

Assim me enlaçam palavras
Fragrâncias de rosa rubra


Ouvir o poema na voz do Luís Gaspar
(Desligar p.f. a música de fundo para ouvir o poema)

terça-feira, dezembro 02, 2008

O sonho e a vida



















A quem perguntarei sobre o lapso
entre o sonho e a vida?
Quem me dirá do deslizante pincel
que a tela não termina?
E das cores, do negro e branco,
que em galhos desnudos se aninham?
E do sorriso das pedras
sob os afagos do rio
quando o sol acontece
nas manhãs quentes ou frias?

Nada sei da mutante existência
do dia a dia,
da avaliação contínua,
do simulacro do medo
que dos sonhos tantas vezes é tormento.

Somos uma partícula mínima,
observante e distraída,
no imenso espaço atento,
crendo que sabe e pensa
dos indeléveis caminhos.


(imagem de Nora Carrol)