
Jamais poderia renascer a escrita
afundada e fundeada no denso silêncio de dias
Então quebrou a guerra-fria interiorizada
o ténue fio do pensamento que letras unia
e partiu sem nada, de mãos vazias
Era a fuga, a nudez necessitada,
da tempestade pressentida
de todos os dramas em cascata
dos desencontros em luares de prata
das vidas descalças no paralelismo
dos carris baços sem destino
e dos contos de fadas…
No seu olhar espaçado corriam imagens
rápidas, fulgurantes, sem nexo ou ritmo
do rodar balanceado permitido pela estrada
Por vezes dormitava sobre o vazio
dos pés em marcha apressada
como um rasto seco de lágrima
no sulco longínquo da rocha pelo mar cantada
e na terra do nunca assistida
Encontrou-se em cada estátua,
em cada torre, ponte, muralha,
nos salões de castelos antigos,
no débil brilho da noite em esplanada
onde o sorriso serenamente dançava
(pintura de Cot)Poema in "Transparência de Ser"