sábado, agosto 19, 2023

Todos os dias

 Todos os dias relembro: 

a revolta maré do vento 

a surpresa contida no tempo 

a inconstância da vida 

de pulsos atados 

em apenas três semanas 


Todos os dias relembro:

muros do passado

em frente da casa

não deixando o sol entrar; 

a luz serena enlaçada 

de sorrisos e abraços 

no encanto das palavras 


Tanto e todos relembro: 

nos frutos do passado

no pulsar das letras 

na omissão de vento 

reverso do espelho;  

e a todos agradeço 

que por aqui passam.


domingo, agosto 14, 2022

Na voragem do tempo

Sou a flor ou cardo do deserto

num espaço de tempo incerto.

Flor temporária exposta ao vento, 

cardo alimentando cada momento 

sob a vivência corrida

que omite ou esquece a própria vida.


Sou o átomo esquecido,

o dito, o não dito, 

pela brisa que enlaça 

e traça, 

inconsciente,

por tanto clamor obtuso,

antigo e duro,

manietando palavras.


Assim os dias vão passando,

revolteando na mente adormecida

as palavras do teu dia

que não foram ditas.


Parabéns e que o Novo Ano te sorria sempre

(ao meu genro)


sexta-feira, abril 02, 2021

Veremos!

Assim existimos 

na lentidão espacial 

dos trilhos em traços 

delineados, 

indefinidos,

programados,

por quem a mente obriga 

à incerteza dos passos.

Será que a infinitude 

inconsciente 

nos enlaça? 

Veremos!...

quarta-feira, agosto 05, 2020

Porquê?

Tantas vezes me pergunto:
o que por aqui faço??
sendo a vida feita de traços 
com trajectos delineados
outros surgem
absortos, indefinidos, 
que ao meu ser escapam

Cada um e cada qual
prossegue seus passos
na actual prioridade
programada, imaginada
segundo sonhos dormentes 
que em surpresa se abrem

Tudo se omite, se esquece,
temporária ou definitivamente
pela ambição emergente.
E de meu caminho ausente,
inquiro. tantas vezes, "que acontece?" 
quando, apenas, a todos anseio
saúde, paz, sorrisos e abraços





sábado, junho 27, 2020

A Espera

Espero
sita na berma da estrada
de densas escarpas rodeada
impalpáveis, não imaginadas,
pelas leves mentes em ténue água...
sonhos, magia, passadas factuas

Espero
amorfa, em atenção ausente
pelos dizeres dessa outra gente,
vagos, codificados,
em ornamentos incontidos
abrigando o que não sentem

Espero
como tantos tristes de nós
ansiosos por outra voz
alegre, fiel, consciente
apresentando o devir silente
ocultado, alterado,
por oportunos e meros interesses

Assim se vive a planura de cada dia
na via escolhida em mordaça
esperando que num claro amanhã
a doce maré dum sorriso nos traga

sábado, maio 16, 2020

Silêncio


Ai, quem me dera
ser uma simples letra
projectada no espaço
e pela luz irradiada
num simples e mero abraço

Ai, quem me dera
encontrar aquele sorriso dos tempos
nos camuflados momentos
de existência vivente
que de súbito se foram
inconscientes

Ai, quem me dera
ser a voz deste inócuo,
pesado silêncio
neste tempo de dorida leveza
sentido no sorriso de tanta gente
neste meu País amado
e tão ausente...

domingo, setembro 29, 2019

Em silêncio canto


Canto o fio da mensagem
Condutor das horas mortas
Do vento as ondas, a dor
Quando bate à minha porta

Canto a barca florida
Deslizando em mansas águas
A breve nota, distraída
Que me enleia e me abraça

Os finos véus de areia canto
Do deserto em ouro tecido
O luar, o monte, o mar
Do sonho, a voz ao ouvido

Das crianças canto os passos
Em crescimento contínuo
E mesmo deitada danço
Palavras de sol e abrigo

E se por Ventura as canto
Desfolho searas antigas
Ternas memórias, encanto
No nomadismo dos dias